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domingo, 2 de julho de 2017

EU NÃO TIVE ESTÔMAGO!

Conheci a igreja aos 15 anos e permaneci até os 19. Foi uma breve passagem, porém, foi na minha adolescência e início de juventude. Então foi uma época significativa.
Eu me encantei pela gentileza exagerada, pessoas 100% felizes. E permaneci até começar a questionar. Não nego, que tive bons momentos. Fiz amigos que conservo até hoje. E tenho grande simpatia pelos templos. Porém na balança, as lacunas históricas e comportamentos de membros pesaram mais.
Sempre que eu tinha dúvidas sobre o passado da igreja, eles diziam que eu não desse ouvidos aos desertores, sendo que meus questionamentos eu adquiri lendo as escrituras e manuais da igreja.
Fui professora de seminário. Caminhava todos os dias 40 minutos para ir e 40 para voltar para dar aula. No sábado, eu tinha treinamentos e domingo ainda dava aula na primária. Minha vida era 100% dedicada à igreja.
Com algum tempo, eu fui percebendo que muitos líderes e missionários não gostavam realmente das pessoas que conheciam na missão como aparentavam.
Vi algumas situações de elitismo: se você estava bem vestido, era de fora, ou tinha muito dinheiro, rapidamente era acolhido na igreja.
Outra coisa que me incomodava, era a questão do machismo e  a pressão para casar: eu sempre quis fazer faculdade e vi nisso uma forma de sair da pobreza. Me falavam frequentemente que o casamento ou a missão vinham em primeiro lugar. Me aconselharam a casar com pessoas que eu não nutria o mínimo interesse. Sempre fui “fora do padrão”, magricela e alguns rapazes líderes caçoavam de minha aparência. Muitas vezes, quando eu ia pedir desobrigação dos meus chamados por estar cansada e com os primeiros sintomas de um transtorno de ansiedade que veio a se agravar, diziam que o “Senhor” não queria que eu fizesse aquilo.
Outra coisa foi a noção de famílias eternas. Eu fui criada por minha mãe, irmã e avó. Minha irmã, inclusive, morreu de câncer enquanto eu era membro e nos manuais dizia que não seríamos eternas irmãs, pela razão da minha mãe ser solteira, mesmo nos amando tanto.
Foram situações de favoritismo, violência contra a mulher encobertas,  enquanto líderes falavam como ser gay é imundo.
Enfim, sabemos que existem pessoas sem acesso à informação, que acreditam na igreja. Muitos conhecem, mesmo que superficialmente certas verdades obscuras da história da igreja. Vocês acham que acreditam verdadeiramente? Ou se escondem em busca de status? Porque quando comecei a questionar, não aguentava nem dar aulas no seminário, eu não tive estômago.

(Extraído com permissão da Comunidade de Apoio a Ex-Mórmons - Facebook)

Um comentário:

  1. Estou lendo este artigo vários anos depois dele ter sido publicado! Hoje é dia 30 de dezembro, estava revendo velhas mensagens em minha rede social para mandar um alô a velhos amigos, e acabei me deparando com uma bela foto de alguns amigos mórmons. Faz vários anos que não estive mais na igreja, e essa foto me tocou. Mas fiquei imaginando porque aqueles rostos sorridentes, nas minhas tentativas de contato, ignoravam minhas mensagens e comigo a tal celebrada amizade não existia. Agora me deparo com este relato e ele me trouxe de volta a realidade, e pude entender porque todos aqueles sorrisos não eram para todos.

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