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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

QUAL O PROPÓSITO DA VIDA? MINHA CONVICÇÃO ATUAL

Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Muitos me questionam sobre minhas atuais crenças e convicções. Se estou seguindo alguma outra religião depois de abandonar o mormonismo ou se simplesmente virei ateu. Para responder-lhes, eu resolvi escrever esta postagem ressaltando alguns temas mais intrigantes quanto a este assunto. Principalmente, quanto a essa curiosidade que as pessoas têm em relação à minha fé. Eu sempre fui um homem de fé. Um homem movido pelas palavras expelidas pela boca dos líderes eclesiásticos, palavras essas, que interpretei erroneamente como sendo “a palavra de Deus”. Desde pequeno, eu frequentava as missas católicas em minha cidade, juntamente com meu pai. Nessa conjunção de ideias, não posso deixar de lembrar aqui que eu fui coroinha católico, quando ainda era um rapazola. Ajudava nas missas todas as noites e às vezes, até mesmo no domingo pela manhã. Entre eu e o padre, era mais fácil ele faltar na missa. Tamanha era a minha dedicação à suposta "causa divina".

Depois de abandonar o catolicismo, já adulto, fiquei um tempo peregrinando por Igrejas evangélicas, como a Assembleia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular e a Igreja Batista. Eu não conseguia aceitar aquelas bandas com bateria e guitarras e toda a barulheira que os evangélicos faziam em seus cultos de adoração. Hoje em dia, parece que ficou pior. Tem até pancadão evangélico, com funk e tudo o mais. Tudo para louvar Jesus. Hoje dou muitas risadas, principalmente, porque fico imaginando aquelas mulheres rebolando nos bailes funks. Será que as irmãs dessas igrejas evangélicas ficam rebolando até o chão também? Acho que em matéria de religiosidade, o mundo vai de mal a pior com seus dogmas e ensinamentos. Entretanto, após esse julgamento, não quero que pensem que eu sou o dono da verdade! Apenas acho muito estranho e cômico essa forma de adoração.

Por fim, em 1988 batizei-me no mormonismo. Doutrina que segui fielmente por 18 anos. Eu fui muito assíduo por todos aqueles longos anos, com ínfimas faltas às reuniões dominicais. Geralmente, eu era o primeiro a chegar à Capela e o último a sair de lá. Era extremamente fanático, defendia a doutrina ferrenhamente e debatia com qualquer pessoa sobre a hipotética “veracidade do mormonismo e do Livro de Mórmon”! 

Com certeza, eu fui uma grande perda para o mormonismo. Quem me conheceu pode atestar que não estou mentindo. Eu demonstrava ter um forte e inabalável testemunho do “evangelho restaurado”. Segundo os ensinamentos da seita, eu sabia quase todas as respostas de perguntas intrigantes numa ou outra escritura. Achava facilmente "supostas respostas" para os inúmeros questionamentos nos livros utilizados pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Lia constantemente a Bíblia, o Livro de Mórmon, Doutrina & Convênios e o livro chamado de Pérola de Grande Valor. Tinha todos esses volumes com muitos versículos marcados, pintados, esquadrinhados e cruzados.

Então ocorreu o inevitável! Tive uma dissonância cognitiva ao inverso. Quando estamos num mundo real e racional e aceitamos alguma doutrina como verdade absoluta, temos uma dissonância cognitiva. A dissonância ocorre a partir de uma inconsistência lógica entre as crenças ou cognições (por exemplo, se uma ideia implicar a sua contradição). A consciência ou a percepção de contradição pode tomar a forma de ansiedade, culpa, vergonha, fúria, embaraço, stress e outros estados emocionais negativos. Quando estamos envoltos inconscientemente por uma nebulosa nuvem doutrinária e despertamos para o racional, eu posso dizer que tivemos uma dissonância cognitiva ao inverso.

No caso do mormonismo, qualquer pessoa sensata pode concluir com o passar dos anos, que por mais que se queira acreditar, sempre haverá uma dúvida. O membro, por mais fiel que seja, sempre se questionará sobre qualquer ponto da doutrina. Quer seja a autoridade divina do sacerdócio ou o livro de Mórmon. Quer seja a validade das ordenanças do Templo para os nossos mortos ou as regras bizarras impostas com o objetivo de manter os incautos membros com medo na base do terror.

Hoje, para mim, não é fácil aceitar qualquer doutrina que se fundamente na fé. Não sei dizer se isso é um legado carregado de sequelas do mormonismo e de outras religiões que vivenciei, ou porque amadureci para uma realidade, num nível mais elevado e racional.

Quando vejo um pregador na televisão, por exemplo, pedindo dinheiro em troca de bênçãos, vejo um “picareta” enganando o povo. Quando vejo alguém vendendo livros, CDs, DVDs e outras bugigangas em “nome de Jesus” vejo um espertalhão logrando um tolo ou tolos. Quando percebo o nível de ignorância que as pessoas vivem neste Brasil em relação à fé, fico perplexo e me calo com medo de entrar em atrito ou discórdia.

No meu entendimento, eu creio que pode até ter havido um criador ou criadores da vida (colonizadores) deste planeta. Mas, ainda no meu entendimento, este planeta não foi criado por ninguém. Foi um doce acidente do universo. As condições para a vida ficaram evidentes quando a água chegou até aqui do universo e toda a crosta terrestre se resfriou.

Os sumérios falam de povos antigos que vieram do espaço, os Anunnakis. Gigantes que vieram e se reproduziram aqui na terra. A Bíblia faz menção aos Nefilins como "anjos caídos", "espíritos impuros" ou "demônios", e no apócrifo Livro de Enoque como “vigilantes”, sendo em ambos os tais anjos que copularam com as filhas dos homens e engendraram esta raça híbrida dos gigantes.

São teorias baseadas em escritos antigos, mas são mais racionais do que a fé cega que as religiões atuais empurram às pessoas. Pelo menos, há os registros e eles são palpáveis. A fé não se pode tocar. É completamente abstrata.

Ainda no meu entendimento, eu creio que depois que este planeta foi supostamente colonizado a vida se desenvolveu sozinha. Foi isso que Darwin mostrou ao mundo no seu livro “A Origem das Espécies”. Isso é tão certo e é tão provável por causa do endemismo. Vida que se desenvolveu apenas em alguns pontos isolados do planeta, caracterizadas pelo local, clima e vegetação.

Resumindo, não creio que haja um Deus que ouve nossas orações. Não creio num Deus que está presente em todos os lugares e que se denomina “pai de todos”. Não creio nisso. Isso foge à razão. Se Deus fosse assim, porque "Ele" deixaria seus filhos morrerem de fome? Por que “Ele” deixaria seus filhos prantearem, matarem-se entre si? E por qual razão, uma pessoa nasce pobre e desprovida de certos confortos num país pobre da África, enquanto outra pessoa, nasce num país rico e cheia de privilégios?

Não posso concordar com as teses apresentadas na bíblia e utilizadas por líderes religiosos corruptos e inescrupulosos de que Deus é amor, é bondade e tudo o mais.

Ao me analisar, estudar e ponderar sobre a minha mudança de comportamento, posso notar a diferença entre o antes e o depois de modo significativo, muito significativo. Isso para mim é uma prova concreta de que qualquer pessoa pode mudar suas convicções. Hoje se pode adorar a um Deus e amanhã a outro. Isso se chama conversão.

Eu duvido que se alguém me visse discursando ou prestando um testemunho, num púlpito de alguma capela Mórmon, no passado, arriscaria afirmar que um dia eu sairia daquela igreja e escreveria contra aquilo que eu estava defendendo ou que acreditava ser verdadeiro.

Muitas pessoas se batizaram na igreja, em Curitibanos/SC porque me conheciam e sabiam do meu caráter, da minha idoneidade. Sabiam que, se eu estava falando, demonstrando, argumentando, então deveria ter algum fundamento.  Infelizmente, eu estava errado. Peço humildemente desculpas para essas pessoas que levei ao mormonismo. Agora quero tirar todas de lá, porque foi um engano. Quando abandonei a causa Mórmon, aconteceu algo semelhante. Várias pessoas na minha cidade, também abandonaram o mormonismo, seguindo o meu exemplo. Tamanha era a confiança que alguns depositavam em minha pessoa.

Eis um grande problema! Cada um tem que investigar e descobrir por si próprio. Mas geralmente não é isso que acontece. Não quero ser mais do que ninguém. Nunca quis. Apenas tentei, de todas as formas seguir o que achava ser a “verdade”. Me enganei profundamente. Me arrependo até os dias de hoje por ter levado muitos ao erro. Por isso, hoje não aconselho ninguém a aceitar o mormonismo ou aceitar nenhuma outra igreja que misture dinheiro com fé.

Muitos me questionam sobre religião e sobre minha atual fé. Parece que se preocupam comigo ou com o meu destino após esta vida. Agradeço a todos por suas preocupações. No entanto, acho difícil me associar ou seguir outra religião. Principalmente uma que envolva algumas das características encontradas no mormonismo: como dízimos, liderança corporativa, doutrinas polêmicas, como interpretação própria da bíblia, homofobia, racismo, preconceito e intromissão na vida íntima dos membros. No meu entendimento, percebo aberrações no que diz respeito às religiões, que nem quero entrar nesse assunto. Não vou falar mal de nenhuma religião.

Num grupo de amigos me questionaram: Se o que os mórmons pregam não é a verdade, qual o propósito da vida então? Comer, beber e se divertir? Quando uma pessoa morre, tudo se acaba?

Desconheço de alguém que morreu e que tenha voltado à terra ou transmitido alguma mensagem válida de alguma vida pós túmulo. Não acredito nos espíritas, porque se eles possuíssem o poder de conversar com os mortos, muitos enigmas poderiam ser resolvidos, o mundo estaria melhor simplesmente porque os mortos alertariam e contariam em minúcias como é viver do outro lado do véu.

Os conceitos sobre Deus não são novos e não pertencem ao nosso tempo contemporâneo. Desde o início dos tempos, quando o homem se estabeleceu na terra com intelecto e capacidade de raciocínio, começou a perceber diferenças entre o dia e a noite, entre a luz e as trevas, entre o calor e o frio. O homem, em todos os cantos do mundo começou a criar Deus e um inimigo, o Diabo. Deus e o Diabo têm vários nomes, em todos os cantos do mundo, em todos os lugares onde houve a presença humana.

Inicialmente, o homem começou a cultuar o sol, o Deus-Sol. Era essa divindade que dava calor e conforto, que fazia as plantações crescerem. em vários lugares surgiram deuses com características parecidas:

Por cerca de vinte séculos, os egípcios cultuaram o Deus-Sol Rá, o criador dos deuses, casado com a deusa Ret ou Ré. Depois apareceram outros deuses que descenderam desse: Shu e Tefnut, Geb e Nut, Osíris, Seth, Ísis e Néftis, Hórus, Sobek Amon e Khnum.

A história de vida do Deus-Sol Hórus e a de outros deuses, até chegarmos a Jesus é muito parecida, como o nascimento de uma virgem, milagres e seguidores. Além da morte e ressurreição.

Continuo o meu relato sobre as minhas atuais convicções: A bíblia é o livro utilizado pelos cristãos para embasar a “palavra de Deus”. Só que a bíblia, no que tange ao Velho Testamento, foi escrita ao longo de milênios por várias pessoas que foram passando o conteúdo compilado inúmeras vezes de geração em geração em hebraico. Seu nome original é Torah.

Por volta de 200 a. C. cerca de 72 gregos eruditos traduziram os textos do hebraico para o grego. Essa é a septuaginta, ou Livro dos Setentas. A versão mais antiga existente do Velho Testamento. Os outros textos originais em hebraico se perderam pelo tempo. Mesmo assim, a versão mais antiga existente da septuaginta data de 185 d. C.

Por volta de  400 d. C. São Jerônimo traduziu os textos gregos para o Latim, apresentou-os no Concílio de Trento e os textos foram aprovados pela Igreja Católica Romana. Essa é a Vulgata. São Jerônimo é considerado Santo pelos Católicos, Ortodoxos e Anglicanos. Muitas foram as confusões decorrentes dessa tradução, um exemplo foi a introdução da palavra inferno onde deveria haver a palavra túmulo ou sepultura. Ex: Salmo 55:15.

A Igreja católica gostou dessa tradução, começou a colocar medo nas mentes dos seus membros. Medo de morrerem e irem para um inferno, um lugar de fogo e enxofre. 

No mormonismo o mesmo conceito foi aplicado: Vejamos em D&C 64 é ensinado que aquele que não paga o dízimo será queimado na vinda de Jesus. Todos ficam temerosos de serem queimados e pagam o dízimo.

No filme do Templo, o próprio Lúcifer olha para os membros e promete levá-los cativos, caso não cumpram com cada ordenança imposta naquele local. Mais uma vez, o medo de ir para o inferno, faz com que usem o garment, paguem o dízimo e sejam fiéis sem questionamentos.

Igrejas do mundo todo têm utilizado amplamente a doutrina do medo para encherem seus cofres.

Mais uma vez, se existisse um Deus, conforme ensinado nas igrejas, seria assim que "Ele" gostaria de ver seus filhos agirem?

Nascemos, crescemos, reproduzimos e morremos. A próxima geração pode ser melhor do que a antecessora. Geralmente é, em conhecimento e tecnologia, até exaurirmos todos os recursos naturais do planeta. Não creio que haja algo para fazermos além desta vida, a não ser dar uma bela contribuição para a perpetuação da espécie.

Estas são minhas convicções. Mas estas pertencem a minha pessoa!

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