Faz parte da atual doutrina da Seita Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), o ensino de que os espíritos das pessoas falecidas, que não aceitaram o “evangelho Mórmon brighamita”, ou que não tiveram a oportunidade de serem apresentados a este em vida, não podem entrar no “Reino Celestial”, até que um membro dessa mesma seita possa ser batizado em seu lugar, por uma espécie de procuração não outorgada. A ideia partiu do próprio fundador da seita, Joseph Smith Jr.
Nos antigos escritos da seita Mórmon chamados de “History of the Church”, volume 4, página 599, está escrito que João Crisóstomo, um Arcebispo de Constantinopla, um dos mais influentes patronos do antigo cristianismo, que viveu de 347 d.C até 407 d.C. afirmou que os Marcionitas (discípulos de Marcion) praticavam o batismo pelos mortos: “depois que um catecúmeno morria, eles colocavam um homem vivo debaixo da cama do morto e indo até este, indagavam-lhe se desejava ser batizado. Como ele não podia responder, o outro respondia em seu lugar, e então eles batizavam o vivo em lugar do morto”. De acordo com o autor do texto nos anais Mórmons: “A Igreja, sem dúvida, naquele tempo era degenerada e a forma particular devia ser incorreta, mas isto está muito claro nas Escrituras, tanto que Paulo, falando da doutrina, diz: Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos?” (1 Coríntios 15:29). 1
O significado desse versículo divide os atuais estudiosos da Bíblia. Ao pesquisar sobre o versículo, encontramos quase 40 explicações diferentes. Os membros da Seita Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), acreditam que o versículo corrobora a prática do serviço templário, onde uma pessoa viva é batizada em favor de uma outra já falecida.
Questionamos agora, mesmo que o versículo se aplicasse a uma pessoa viva sendo batizada por uma outra já falecida, quais evidências os Mórmons podem oferecer-nos de que os primeiros fiéis do cristianismo praticavam tal ritual? O Apóstolo Paulo não diz que “nós” somos batizados pelos mortos, mas que “eles” são batizados pelos mortos. O uso do vocábulo “eles”, em vez do vocábulo "nós", poderia fazer uma enorme diferença na significação desta declaração. Se um Protestante fizesse a indagação: “Por que eles oram pelos mortos, se os mortos de modo nenhum ressuscitam?” Isso não significaria que eles endossam a doutrina católica da oração pelos mortos. Se, contudo, uma pessoa fez a declaração “Então por que devemos orar pelos mortos, se os mortos de modo nenhum ressuscitam?” não entenderíamos que ela estivesse crendo na oração pelos mortos. 2
Charles R. Hield e Russell F. Rolston apresentam uma excelente discussão sobre este versículo: Uma cuidadosa leitura desta carta mostra que o Apóstolo Paulo escreve aos santos de Corinto, usando pronomes “eu”, “nós”, “vós” e “tu” ao referir-se a eles e a si mesmo, o tempo inteiro, nesta mensagem. Mas quando ele menciona o batismo pelos mortos, ele muda para o pronome “eles”- “O que eles farão?” - “Por que então (eles) se batizam pelos mortos”. No versículo seguinte ele volta ao uso dos pronomes “nós” e “vós”. Ele parece fazer uma separação para os santos justificados dos métodos utilizados por aqueles grupos, que, nesse tempo, estavam praticando o batismo pelos mortos.
O Apóstolo Paulo não induzia os seus crentes a praticar tal princípio. Nem sequer os aconselhava a isso. Ele simplesmente usou o caso como uma ilustração. Paulo não adorou “o deus desconhecido” dos pagãos, por ter encontrado um altar a ele dedicado (Atos 17:23). Não há menção alguma de batismo pelos mortos na Bíblia, antes de Paulo, e nenhuma depois dele. Paulo, bem como os demais Apóstolos, em vez de endossar o batismo pelos mortos e depois praticar, pareceu ter exercido uma influência contrária sobre essa ordenança, uma vez que ela era realizada somente entre os hereges.
A Bíblia não contém uma doutrina específica autorizando essa ordenança. Cristo não a menciona, nem qualquer um dos Apóstolos, exceto Paulo, o qual fez apenas uma referência indireta à mesma. 3
Somente pelo fato de Jesus jamais ter mencionado ou ensinado tal prática de batismos pelos mortos já corrobora uma forte e evidente ausência da mesma na Igreja Cristã Primitiva.
Contudo, o antigo Apóstolo Mórmon Orson Pratt admitiu que a Bíblia não contém qualquer informação para a realização dos serviços templários de batismos pelos mortos. Ele alegou que o conteúdo bíblico foi extraviado ou retirado, mas não mostrou evidências disso. Ele admitiu:
“A doutrina do batismo pelos mortos deve ter sido bem entendida por eles... Se não quando, ou de que modo, fora a doutrina a eles comunicada? Ela podia ter sido escrita previamente para eles. Ela deveria ter sido tão importante quanto o batismo pelos vivos. A Palavra escrita ou não escrita de Deus com a qual a Cristandade está familiarizada, nos informa algo como esta cerimônia é efetuada? Ela informa quem deve oficiá-la? Quem é o candidato em lugar do morto? Que classe de mortos deve ser beneficiada? A Escritura e a Tradição nos informam em que esta doutrina particular do batismo pelos mortos afetará a sua ressurreição? Elas informam se o batismo pelos mortos pode ser administrado em todos os lugares, ou somente numa fonte batismal, num templo consagrado para esse propósito? Todas estas importantes indagações permanecem sem resposta na Escritura e na Tradição.”4
Os membros da Seita Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) cuidam zelosamente do serviço vicário (em favor dos mortos), acreditando que procedendo dessa forma, estarão salvando seus ancestrais.
O Presidente John Taylor dizia: “... Somos as únicas pessoas que sabem como salvar nossos progenitores... Somos de fato os salvadores do mundo, se realmente eles são salvos.”5 O Presidente Wilford Woodruff sentia que havia salvo John Wesley, Colombo e todos os Presidentes dos Estados Unidos, exceto três: “... duas semanas antes de sair de St. George, os espíritos dos mortos se reuniram ao meu redor, desejando saber por que não haviam sido redimidos...Eram eles os signatários da Declaração da Independência e ficaram esperando por mim durante dois dias e duas noites... Eu fui direto até a fonte batismal, chamei o irmão McAllister para me batizar pelos signatários da Independência e outros 50 homens eminentes, num total de 100, inclusive John Wesley, Colombo e outros. Em seguida eu o batizei em lugar de todos os Presidentes dos Estados Unidos, exceto três, e se a causa deles for justa, alguém fará o serviço por eles.” 6
A Seita Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) gasta milhões de dólares fazendo pesquisas genealógicas, a fim de encontrar nomes de quem já morreu, a fim de efetuar o batismo por procuração. A este respeito fala o apóstolo da SUD, Bruce McConkie:
“Antes das ordenanças vicárias da salvação e exaltação deverão ser realizadas pelas pessoas que já morreram... Elas devem ser acurada e apropriadamente identificadas. Uma vez que a pesquisa genealógica é exigida... A Igreja mantém em Salt Lake City uma das maiores sociedades genealógicas. Grande parte da fonte do material de várias nações da Terra tem sido ou está sendo microfilmada por esta sociedade. Milhões de dólares são gastos e uma reserva de centenas de milhões de nomes e outros dados sobre as pessoas que viveram nas gerações passadas, para o estudo.” 7
Conforme os anos avançam e mais templos são construídos, maior é a exigência por parte das autoridades Mórmons à prática e ao zelo das ordenanças pelos mortos. Só que isso tem um limite. Para entrar num dos Templos da Seita Mórmon Brighamita o membro precisa ser fiel, inclusive com o pagamento rigoroso dos dízimos, o que para alguns casos, é oneroso demais, já que o assunto dízimo está sendo amplamente explorado por muitos críticos religiosos da atualidade, descaracterizando veementemente a prática da sua cobrança, sem embasamento bíblico. 8
É no mínimo interessante que mesmo que supostamente o Livro de Mórmon contenha a “totalidade do evangelho”, ele jamais menciona a doutrina do batismo pelos mortos, nem sequer uma vez. A palavra “batismo” aparece 25 vezes no Livro de Mórmon. A palavra “batizar” aparece 85 vezes e a expressão “batizando” aparece 6 vezes, porém a doutrina do batismo pelos mortos não é de modo algum mencionada. Em verdade o Livro de Mórmon até condena qualquer idéia que leve à prática do batismo pelos mortos. Isso indica claramente que não existe chance alguma da pessoa se arrepender depois da morte, se conheceu o evangelho mas o rejeitou.
Uma adaptação feita por Antonio Carlos Popinhaki à partir dos escritos do Artigo de Dennis A Wright para o Jornal “The Evangel”, edição março/abril, 1998.
1 - History of the Church, 4:599
1 - History of the Church, 4:599
2 - Jerald and Sandra Tanner, The Changing World of Mormonism, p. 153
3 - Batismo Pelos Mortos, Independence Mo, Herald Publisher House, 1951, ps. 23-24
4 - Orson Pratt Works, 1891, p. 205
5 - Journal of Discourses 6:163
6 - Journal of Discourses, 19:229
7 - Mormon Doctrine, 1966, ps. 308-309
MODERADO VIA FACEBOOK: Beato Candundu As escrituras estão bem claras quanto ao batismo pelos mortos. 1 Pedro 3:18-20, 4:6, fala da importância da expiação de Jesus Cristo. 1 Corintios 15:29, também fala de batismo vicario. O facto de isso não se tem conhecido ou praticado não deixa de ser verdadeiro.
ResponderExcluirÉ preciso ter autoridade de Deus para realizar essas ordenanças sagradas. Portanto, meu irmão, o Senhor fez restaurar Sua igreja na terra, para que essa e muitas outras ordenanças fossem administradas aos Seus filhos, enquanto na mortalidade. Eu sei dessas coisas serem verdadeiras.