SOBRE O LIVRETO "SOMENTE PARA RAPAZES"

Texto de Antonio Carlos Popinhaki

O ano era 1976. Na ocasião, surgiu um livreto de 20 páginas publicado pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (seita brighamita), com o título "Somente para Rapazes". A autoria foi creditada ao Apóstolo Boyd K. Packer. Era uma nítida e invasiva intromissão na intimidade dos rapazes. 

O texto começava a valorizar o corpo humano como um templo de Deus, pois na doutrina Mórmon, o Espírito Santo que para eles é um Deus, deve habitar somente em corpos puros, por essa razão eles (os Mórmons) relacionam o corpo a um templo divino.

O Apóstolo Packer ressaltou no texto do livreto, que os corpos dos rapazes são puros e divinos. Esses corpos devem ser alimentados com alimentos saudáveis. A prática de exercícios físicos adequados também foi enaltecida, um rodeio até chegar ao ponto de intromissão, a chamada manutenção ou observância à "Lei da Castidade".

O texto fala sobre o poder de criação que existe dentro do corpo dos rapazes e enfatiza esse poder como sagrado. Packer diz  que Deus ordenou que somente casais legalmente casados podem usar esse poder de criação. Ele condena veementemente a masturbação ou a prática de sexo fora do casamento. Se os rapazes se controlarem e se mantiverem castos, poderão exercer domínio sobre certos apetites e paixões, que a própria época da puberdade lhes apresentar.

Sem falar abertamente sobre sexo, e usando de metáforas, o Apóstolo compara a produção de espermatozoides a uma indústria. Ele diz aos rapazes que de vez em quando, esses espermatozoides são expelidos naturalmente por um ato involuntário (a chamada polução noturna, ou sonhos eróticos, uma vez que essa polução está associada conjuntamente com um orgasmo).

A masturbação ou o sexo fora do casamento é considerado pela seita Mórmon brighamita como uma transgressão às leis de Deus, e dessa forma, deverá ser punida com os rigores impostos pelo Senhor Deus Elohim. Isso só, por assim ser imposto na cabeça dos jovens, já causa um estrago no psicológico dos mesmos. Muitos deles, a maioria absoluta, por não saberem diferenciar as necessidades fisiológicas inerentes ao próprio corpo, com o que é realmente divino, acabam tendo graves problemas de formação de personalidade e caráter.

Há casos de dúvidas sobre a masculinidade e a dificuldade de até mesmo se entenderem sobre o seu comportamento sexual. Casos de suicídio no mundo dos jovens Mórmons estão associados ao consumo escondido de pornografia e o sentimento de culpa por não poderem cumprir as "palavras dos ungidos do Senhor". E isso é muito comum no mormonismo.

Uma lástima! Igreja nenhuma tem o direito de se intrometer na vida íntima dos seus membros, sejam eles, jovens ou adultos. Crimes relacionados ao cunho sexual são constantemente atribuídos a líderes locais no mormonismo.

Não se poupa nem os jovens missionários. Quando são mandados para uma missão de tempo integral. Como se não bastasse a lavagem cerebral ao qual estão submersos, ainda são entrevistados cotidianamente por seu Presidente de Missão, para que este saiba se estão "se aguentando castos", conforme os ensinamentos dos líderes da seita. 

Em algumas missões, como regra geral, nas casas dos missionários, mais especificamente nos banheiros, são colocadas imagens do Jesus Mórmon com frases intimidadoras, fazendo com que o missionário não tente se masturbar no banho. 

Que tipo de homens os líderes Mórmons querem criar? Em busca da perfeição, só conseguem criar personalidades delinquentes, falhas, com uma visão de mundo atrelada à própria religião. Os homens nascidos e criados num ambiente Mórmons sofrem muito. Eles têm aversão a tudo que seja contrário aos ensinamentos da seita, quer seja através de mídia escrita ou de imagem. Fazendo assim, deixam de aprender e de se inserir no mundo contemporâneo, sendo sempre manipulados, sem poderem argumentar sobre diversos assuntos do momento. Caso o façam, são logo taxados de apóstatas, e são encorajados a se arrependerem.

Essa pseuda preocupação com os rapazes da seita Mórmon brighamita não vai salvá-la das constantes quedas já identificadas nos seus números ano após ano. Batismos mal feitos, altos índices de inatividade, menor frequência aos Templos e menor quantidade de membros nas unidades da Igreja atestam o meu argumento. Há quem diga que terrenos da Igreja estão sendo vendidos no Brasil. Os Templos de Porto Alegre e de Recife não possuem um fluxo aceitável de ordenanças, pelos padrões de seus investimentos.

Como Igreja, a seita vai muito mal. Diferentemente da organização Mórmon Inc. - Essa vai muito bem, com seus altos investimentos em diversos segmentos, hotéis, fazendas, shoppings centers, entre outros. O que Deus teria a ver com esses investimentos? Qual é a vantajem do sucesso dos segmentos paralelos à igreja? O que é mais importante, a Igreja ou os negócios à parte?

Aparentemente, a liderança de Utah tem muito com que se preocupar. E o que é mais importante? A intimidade dos rapazes e moças da igreja? Que doideira!