Aqui estou eu, outra ex-Mórmon se recuperando do trauma do mormonismo. Tudo o que tenho a dizer-lhes, é que é tão gratificante saber que tem outras pessoas que me entendem. Pessoas que passaram pelo mesmo que eu. Ou seja, foram membros por longos anos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ou Mórmons. Só alguém que tenha sido um membro dessa igreja, pode realmente me entender, e entender até que ponto o Mormonismo envolve sua vida.
Meus pais tornaram-se membros, quando eu tinha dois anos
de idade. Fui criada dentro da doutrina Mórmon. Sou a única pessoa da família
que não é mais membro ativo. Embora minha família afirme estar aceitando essa
minha condição, percebo o contrário, através de alguns comentários dentro de
casa. Eu particularmente, fico muito preocupada com isso. É muito difícil para
uma mulher, ser feminista dentro da doutrina chamada mormonismo. Lembro-me de
uma vez que minha mãe me disse que a cerimonia de “selamento do templo” inclui
a palavra “obedecer”. Eu falei para ela, que não concordava com estes termos.
Então ela foi ríspida comigo e me disse, que são apenas palavras, que eu não
deveria ser “ridícula”. Que eu não precisaria obedecer quando meu marido não
estivesse honrando seu sacerdócio. Porém, descobri mais tarde, da maneira mais
difícil, que os únicos que podem decidir se um portador do sacerdócio está ou
não honrando o sacerdócio, é o próprio portador do sacerdócio. Então disse para
mim mesma. “Espere aí mocinha, há algo errado nisso tudo!”
Como qualquer jovem que tem opinião própria e senso
crítico, a minha vida dentro da Igreja se tornou a cada ano mais e mais
difícil. A espiritualidade das mulheres, dentro da Igreja Mórmon nunca foi
respeitada. Enfim consegui terminar a faculdade e arrumei um emprego.
Pensar em viver junto antes do casamento é algo tão ruim
para uma moça Mórmon. O aborto então, é o pior dos pecados (atualmente, não
acredito mais em pecados, mas entendo que para muitas mulheres, o aborto é a sua
única opção, mesmo sendo extremamente difícil). A homossexualidade e a
masturbação também são considerados dentro do mormonismo, como piores pecados
carnais, imundos, nojentos e moralmente sujos. Eu mesma, lutava comigo mesma, e
achava que havia algo de errado comigo, que eu era a única indigna e que não
estava alinhada com os ensinamentos dos líderes do sacerdócio.
Bem amigos e amigas, tenho a dizer-lhes, que as coisas
estão muito diferentes hoje em dia em minha vida. Estou casada com um grande
marido que nunca foi Mórmon (Graças a Deus). Tenho dois maravilhosos filhos. É
verdade que tenho um temperamento forte, mas é verdade também, que tenho uma
filha muito inteligente, que nunca terá seu espírito enganada por uma religião
misógina. E tenho um filho, que vai conhecer melhor uma mulher antes de se
casar, que não terá problemas com a palavra “obedecer”, pois será ensinado a
ser diferente dos rapazes Mórmons.
Quero relatar aqui que também sou bi. Estou trabalhando
arduamente para viver a minha vida, de forma aberta e sem preconceitos ou
tabus. Atualmente, falo disso sem receios. Sinto que agora estou sendo honesta
comigo mesma. Estou vivendo uma vida sem ser mandada, orientada ou induzida a
fazer o que eu não quero. Pelo contrário, faço o que quero. Tenho um excelente
relacionamento com meu marido e minha família.
Ainda me considero cristã, mas meu Jesus é uma questão
pessoal, entre eu e ele. Tenho lido muitos livros. Isso tem me ajudado a deixar
o mormonismo definitivamente para trás, apesar da meus pais ainda estarem lá. Estou
sempre envolvida em questões feministas, mas por questões pessoais e para não
embaraçar os membros da minha família, sinto-me no direito de não responder
ofensas vindas por e-mail. Entretanto, este é meu e-mail: axiothea@aol.com - Vocês mulheres, têm um espírito
forte, não deixem pessoas más estragarem, matarem, machucarem, inibirem e retraírem
este espírito. Bonnie Watson
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