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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A SUPOSTA TRADUÇÃO DO LIVRO DE MÓRMON: COMO REALMENTE ACONTECEU? (se é que aconteceu)


Joseph Smith afirmou ter "traduzido" a história dos habitantes pré-colombianos das Américas, assim como todo o seu legado espiritual.

Ele teria sido designado para essa missão por Deus, e um anjo revelou-lhe onde estes escritos estavam escondidos (coincidentemente, próximo à sua casa).
A história estava escrita em placas de ouro, na língua "egípcio reformado", e o resultado de tal trabalho é o que conhecemos hoje como o Livro de Mórmon (LdM).
Nesta postagem, será discutida apenas a forma que Joseph Smith Jr. teria usado para "traduzir" este livro. Posteriormente, mais postagens serão feitas no sentido de examinar a história de Joseph Smith Jr. e o que é o Livro de Mórmon.
A igreja Mórmon (IJCSUD) publica muitas imagens de Joseph Smith Jr. ditando o Livro de Mórmon. 
Estas representações normalmente mostram Joseph sentado em uma mesa examinando cuidadosamente as placas de ouro que estão à sua frente, numa mesa [1].

Pelas figuras amplamente distribuídas em livros e manuais da igreja, a impressão que se tem é que o processo envolveu o contato visual direto de Joseph com as placas.
Ainda, de acordo com as figuras divulgadas, Joseph tinha escribas, que ficavam à sua frente ou ao seu lado, escrevendo enquanto ele traduzia os escritos das placas de ouro (ver ilustração).
Porém, este cenário não se enquadra com o testemunho daqueles que disseram que foram testemunhas oculares das tais placas.
Estas testemunhas incluem todas as Três Testemunhas do Livro de Mórmon (os mesmos indivíduos cujo testemunho aparece na frente de toda cópia do Livro de Mórmon), como também a esposa de Joseph Smith Jr., Emma Hale Smith.

Eles contam a história de Joseph colocando uma pedra mágica de vidente em seu chapéu, enterrando o rosto no chapéu e procedendo em ditar o Livro de Mórmon.

Joseph alegou ver no chapéu escurecido as palavras que ele ditava. Algumas das testemunhas comentaram que as “placas de ouro” às vezes nem mesmo estavam à vista quando Joseph ditava o Livro de Mórmon. Abaixo, declarações de duas testemunhas:

Eu, como também todos da família de meu pai, a esposa de Smith, Oliver Cowdery e Martin Harris, estavam presente durante a tradução... Ele [Joseph Smith] não usou as placas na tradução”. [2]
 “Quando as placas não estavam [dentro de] seu tronco, estavam envoltas em uma toalha de mesa de linho." [3]

Esta evidência do verdadeiro método de tradução de Livro de Mórmon foi discutida em pelo menos seis diferentes artigos de eruditos e em vários livros por historiadores Mórmons nos últimos 40 anos [4].

No dicionário de inglês Oxford, lemos:

"Adivinhação: Descoberta do que está escondido ou obscuro por meios sobrenaturais ou mágicos”.

É difícil evitar a conclusão de que a Igreja SUD deseja se distanciar dos depoimentos constrangedores de que Joseph Smith Jr. teria encontrado e traduzido o Livro de Mórmon em um contexto de magia/adivinhação/clarividência.
Revisem cuidadosamente esta importante evidência. Aqui está o testemunho ocular do procedimento de ditar de Joseph Smith Jr., seguido por algumas breves observações e conclusões.
Emma Hale Smith, esposa de Joseph, foi a primeira pessoa a servir como seu escriba. Aqui está seu testemunho, como recontado a seu filho Joseph Smith III:

"Ao escrever para seu pai, frequentemente escrevi dia após dia, muitas vezes sentada à mesa perto dele, ele sentado com sua face enterrada no chapéu, com a pedra nele, e ditando hora após hora com nada entre nós”.[5]

David Whitmer foi uma das Três Testemunhas do Livro de Mórmon. A maioria do trabalho de tradução ocorreu na casa de Whitmer.

“Agora, dar-lhes-ei uma descrição da maneira na qual o Livro de Mórmon foi traduzido. Joseph Smith colocava a Pedra de Vidente em um chapéu, depois colocava seu rosto no chapéu e o fechava bem com as mãos, para impedir a entrada de luz”.
“No escuro, a luz espiritual brilhava. Aparecia algo semelhante a um pergaminho, e nele aparecia a escritura. Aparecia um caractere por vez, e debaixo dele aparecia sua interpretação em inglês”.
"O irmão Joseph lia o inglês em voz alta a Oliver Cowdery, que era seu principal escriba e quando este anotava, repetia ao irmão Joseph para ver se estava correto”.
“Então o caractere desapareceria, e outro caractere com sua interpretação apareceria. Assim o Livro de Mórmon foi traduzido pelo dom e poder de Deus, e não por qualquer poder do homem". [6]

Martin Harris, também uma das Três Testemunhas do Livro de Mórmon, contou ao seu amigo Edward Stevenson, que depois se tornaria parte do Primeiro Conselho dos Setenta SUD:

“Martin Harris relatou um incidente que ocorreu durante o tempo em que ele escreveu aquela parte da tradução do Livro de Mórmon, que ele foi abençoado por escrever diretamente da boca do profeta Joseph Smith”.
"Ele disse que o profeta possuía uma Pedra de Vidente, através da qual ele conseguia traduzir, assim como através do Urim e Tumim, mas por conveniência ele usou a Pedra de Vidente”.

Martin explicou como foi a tradução:
  
“Com a ajuda da Pedra de Vidente, apareceriam frases que eram lidas pelo profeta, depois escritas por Martin, e quando terminava este dizia ‘escrito’. Se aquela frase escrita estivesse correta, aquela frase desapareceria e outra apareceria em seu lugar. Mas se a escrita não estivesse correta, então ela permanecia até ser corrigida, de forma que a tradução era como estava gravado nas placas, precisamente no idioma então usado”. [7]

Oliver Cowdery foi o principal escriba de Joseph para o Livro de Mórmon, e outro das Três Testemunhas do Livro de Mórmon.

"Esses foram dias inolvidáveis - ouvir o som de uma voz ditada pela inspiração do céu despertou neste peito uma profunda gratidão! Dia após dia continuei ininterruptamente a escrever o que lhe saía da boca, enquanto ele traduzia a história ou relato chamado 'O Livro de Mórmon' com o Urim e Tumim, ou, como teriam dito os nefitas, 'Intérpretes'”.[8]

O uso dos termos “Urim e Tumim” por Cowdery foi designação comum entre os Mórmons, depois de 1833, para a Pedra de Vidente de Joseph.

OUTRAS TESTEMUNHAS OCULARES

Os testemunhos de Emma Smith, Whitmer, Harris e Cowdery são confirmados por outras testemunhas oculares.
O relato, em primeira mão, de Michael Morse, cunhado de Emma Smith, foi publicado em um artigo de 1879 na publicação Saint’s Herald, da igreja Restaurada SUD:

“Quando Joseph estava traduzindo o Livro de Mórmon, em mais de uma ocasião estive em sua presença, e o vi empenhado em seu trabalho de tradução”.
"Este procedimento consistia em Joseph colocar a pedra de Vidente dentro de um chapéu, depois  colocar o rosto dentro do chapéu, cobrindo completamente sua face. Ele apoiava os cotovelos em seus joelhos, e ditava palavra por palavra, enquanto os escribas - Emma, John Whitmer, O. Cowdery, ou algum outro -  escrevia”. [9]

Joseph Knight, Sr., um antigo membro da Igreja e um amigo íntimo de Joseph Smith, escreveu o seguinte em um documento arquivado pela igreja SUD:

“Ele traduzia pondo o Urim e Tumim em um chapéu e colocava seu rosto nele, e no escuro aparecia uma frase com letras romanas. Depois ele ditava ao escriba e assim que estivesse terminado ele dizia que iria aparecer outra e assim por diante. Mas se não fosse escrito corretamente pelo escriba, a frase não desaparecia. Então nós vemos que foi maravilhoso. Foi assim que ele traduziu”.[10]

Interessante lembrarmos que Joseph usou uma “pedra mágica” - a mesma Pedra de Vidente - anos antes da publicação do Livro de Mórmon.
Tem sido bem documentado por historiadores Mórmons que antes de produzir o Livro de Mórmon, e mesmo após este, Joseph Smith estava bastante envolvido em várias práticas de ocultismo e magia, inclusive no uso da “Pedra de Vidente” para caçar tesouros escondidos [11].
Isaac Hale, o pai de Emma Hale Smith, declarou em um depoimento de 1834:


“A maneira na qual ele fingiu ler e interpretar, era igual a quando ele caçava tesouros, com uma pedra em seu chapéu, e o chapéu sob seu rosto, enquanto o Livro das Placas ao mesmo tempo estava escondido nos bosques.” [12]

Talvez o relato mais completo desta evidência é dado por D. Michael Quinn, ex-historiador na Brigham Young University, em seu livro Early Mormonism and the Magic World View, edição revisada (Salt Lake City: Signature Books, 1988).
De fato, em 1826, quatro anos antes da publicação do Livro de Mórmon, Joseph foi preso, encarcerado e examinado no tribunal em Bainbridge, Nova Yorque, com a acusação de ser “uma pessoa desordenada e um impostor” com relação a seu uso de uma pedra para procurar tesouros escondidos.
Enquanto a evidência indica que ele foi considerado culpado desta acusação, o jovem Joseph aparentemente foi solto com a condição de que deixasse a área [13].

Notas
1. Veja, por exemplo, The Ensign, January 1996, p. 3; julho 1993, p. 62; novembro de 1988, p. 45; também o panfleto missionário, "Book of Mormon: Another Testament of Jesus Christ," (The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1987). 
2. David Witmer, Entrevista dada ao Kansas City Journal, June 5, 1881, reimpressa na Reorganized Church of Jesus Christ of Latter Day Saints Journal of History, vol. 8, (1910), pp. 299-300.
3 - Richard Bushman, Joseph Smith and the Beginnings of Mormonism, pg. 98
4. Grant H. Palmer, An Insider's View of Mormon Origins Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1987; revisado e expandido em 1998, pp. 41-ff); James E. Lancaster, "By the Gift and Power of God," Saints Herald, 109:22 (15 de novembro de 1962) pp. 14-18, 22, 33; Edward H. Ashment, "The Book of Mormon — A Literal Translation," Sunstone, 5:2 (março-abril de 1980), pp. 10-14; Richard S. Van Wagoner and Steven C. Walker in "Joseph Smith: The Gift of Seeing," Dialogue: A Journal of Mormon Thought, 15:2 (verão 1982), pp. 48-68; Blake T. Ostler, "The Book of Mormon as a Modern Expansion of an Ancient Source," Dialogue: A Journal of Mormon Thought, 20:1 (primavera 1987), pp. 66-123; Stephen D. Ricks, "The Translation and Publication of the Book of Mormon," Foundation for Ancient Research & Mormon Studies, official F.A.R.M.S. transcrito de uma palestra de vídeo, 1994, 16 páginas.
5. Last Testimony of Sister Emma," 3:356,History of the RLDS Church, 8 vols., Independence, Missouri: Herald House, 1951
6. David Whitmer, An Address to All Believers in Christ, Richmond, Missouri: n.p., 1887, p. 12.
7. Edward Stevenson, "One of the Three Witnesses," reimpresso do Deseret News, 30 nov. 1881 in Millennial Star, 44 (6 fev. 1882): 86-87.
8. Oliver Cowdery, Messenger and Advocatee, (Kirtland, Ohio, 1834), vol. 1, no. 1, p.14.
9. Entrevista de W.W. Blair com Michael Morse, Saints’ Herald, vol. 26, no. 12 (15, de junho de 1879), pp. 190-91.
10. Citado in Dean Jessee, "Joseph Knight's Recollection of Early Mormon History," BYU Studies, vol. 17:1 (outono de 1976), p. 35.
11. D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View (Salt Lake City: Signature Books, 1987; revisado e expandido em 1998, pp. 41-ff); veja também Ronald W. Walker, "The Persisting Idea of American Treasure Hunting" in Brigham Young University Studies, vol. 24, no. 4 (Fall 1984), pp. 429-59, e Fawn M. Brodie, No Man Knows My History: The Life of Joseph Smith the Mormon Prophet, 2nd ed (New York: Alfred A. Knopf, 1986), pp. 16ff.
12. Depoimento de Isaac Hale em 20 de março de 1834, citou em Rodger I. Anderson, Joseph Smith’s New York Reputation Reexamined, (Salt Lake City: Signature Books, 1990), pp. 126-128.
13. Quinn, pp. 44ss.; e H. Michael Marquardt e Wesley P. Walters, Inventing Mormonism: Tradition and the Historical Record (Salt Lake City: Smith Research Associates, 1994), pp. 70ff.

Extraído do Blog Investigações SUD
http://investigacoessud.blogspot.com.br/2009/11/traducao-ou-adivinhacao.html


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