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domingo, 20 de dezembro de 2020

NUNCA MAIS LEREI O LIVRO DE MÓRMON

Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Como já exposto, por cerca de 18 anos eu frequentei de forma assídua, como associado ou membro, uma seita religiosa com ramificações aqui no Brasil. Digo "seita” porque possuo fundamentos para comprovar isso. Por mais que seus membros insistam em afirmar que se trata de uma Igreja ou uma religião, na verdade, não passa de uma seita originada no século XIX nos Estados Unidos, com objetivos corporativos de lucro.

No Brasil são formalmente estabelecidos como "Associação”. Parece incrível! A minha conversão ou convencimento de que seus ensinamentos eram corretos deu-se num momento de fragilidade emocional e espiritual, enquanto eu morava no norte do Brasil, na cidade de Belém do Pará. Naquela ocasião, eu estava meio que isolado de amigos. Quando os Mórmons (nome que as demais pessoas chamam os membros dessa seita) apareceram certa vez na minha porta, supriram-me da falta de amigos. Eu era solteiro e nem namorada tinha naquele lugar. Eram jovens missionários. Mostraram-se muito alegres e simpáticos. Eles eram americanos. Falavam o português com um sotaque bem acentuado.

Falaram-me de alguns assuntos relacionados às suas crenças. Desde Jesus Cristo, até à informação da existência contemporânea de um profeta. Me presentearam com um exemplar do Livro de Mórmon. Segundo eles, se tratava de um “outro testamento de Jesus Cristo”. Disseram-me que o livro contava acontecimentos ou fatos ocorridos aqui na América, antes da chegada de Cristóvão Colombo. Os dois missionários prestaram testemunho de que aquele livro era verdadeiro, que o próprio Deus o preservou para esta nossa época.

Na minha ingenuidade e ignorância, comecei a ler o tal livro e tentar assimilar o seu conteúdo com o pouco conhecimento que eu possuía, me esforçando para achar algum sentido para o texto. Tinha uma parte que parecia a cópia fiel da Bíblia. Era igual ao encontrado em algumas partes de Isaías, Malaquias e no livro de Mateus. Era confuso quando chegava nessa parte, porque o entendimento era difícil. Todavia, com o passar do tempo, comecei a aceitá-lo como uma verdadeira obra divina.

O tempo passou e agora eu estava envolto naquela doutrina, com pessoas que não paravam de falar que “o livro é verdadeiro”. De tanto ouvir essa frase, comecei a crer ser verdade. Não sabia, enquanto estava naquele meio, que não existia nenhuma evidência científica que comprovasse que o Livro de Mórmon era verdadeiro. Essa minha crença perdurou quase duas décadas. Qualquer um que ler isso vai se surpreender e julgar que fui um tolo. Um idiota em acreditar numa fábula. A seita tem sua doutrina alicerçada sobre a crendice de que um tal Joseph Smith Júnior, seria um pretenso profeta de Deus do século XIX. Também, o cotidiano uso do Livro de Mórmon. Em resumo, Joseph Smith Júnior e o Livro de Mórmon são a base do “marketing” Mórmon. Como justificativa para a minha alienação, não percebi que a doutrina é extremamente alienista. É hipnotizante! Tê deixa completamente à mercê dos líderes, que não querem outra coisa, a não ser dinheiro.

Por 18 anos eu não sabia disso. Não percebia essas técnicas de manipulação e coerção, porque não me foi difundido na seita a verdadeira história do mormonismo.

Joseph Smith Júnior dizia que o Livro de Mórmon foi traduzido de umas “placas de ouro”, escritas numa língua perdida, chamada “egípcio reformado”. Esse egípcio reformado era uma língua que nenhum homem conhecia, mas era a língua na qual Mórmon (o pai de Morôni) escreveu nas placas de ouro por volta do ano 384 a 421 d.C., pouco antes de morrer. Para muitos, isso constitui um problema que esta língua fosse reproduzida no Livro de Mórmon com as mesmas palavras da Bíblia do Rei Tiago de 1611 d.C., em centenas e milhares de lugares. Não parece provável que o egípcio reformado, uma língua não conhecida de homem algum e que havia desaparecido da terra por mais de mil anos antes do ano 1611 d.C., ano em que foi publicada a Bíblia do Rei Tiago, conteria milhares das mesmas palavras e frases, na ordem exata em que são encontradas na versão da Bíblia do Rei Tiago. Até as palavras em itálicos da versão do Rei Tiago aparecem no Livro de Mórmon. Joseph Smith Júnior não as sublinhou, mas incluiu-as no texto do Livro de Mórmon, como se fossem as palavras de Deus. Os eruditos que fizeram a “versão do Rei Tiago” sublinharam certas palavras para prevenir o leitor de que elas não se encontravam no texto original grego ou hebraico, mas foram acrescentadas para uma leitura mais fluente ou para explicações. Alguns dos muitos exemplos de palavras sublinhadas contidas na versão do Rei Tiago e no Livro de Mórmon podem ser vistas comparando Isaías 53:2, 3, 4 com Mosias 14:2, 3, 5.

Como o Livro de Mórmon poderia ter sido escrito em egípcio reformado, se essa língua nunca existiu? Os hebreus de quem os judeus faziam parte, odiavam os egípcios. Consideravam um povo pagão. Porque Deus permitiria que o Livro de Mórmon fosse escrito numa língua pagã? Cheia de desenhos? Não seria possível colocar todo o conteúdo do livro e mais um terço das placas seladas apenas com desenhos ou hieróglifos egípcios.

Outro problema que eu não sabia, ou me passou despercebido, foi sobre a sua tradução. Se o livro de Mórmon é a palavra de Deus, ditada palavra por palavra, porque então foram feitas milhares de alterações em edições posteriores à original de 1830? Segundo constam nos registros históricos, Joseph Smith Júnior ao traduzir as placas, olhava para dentro de um chapéu. Com o auxílio de uma pedra, aparecia no fundo do chapéu a frase como uma legenda para ele. Joseph ditava a frase ao escrevente, palavra após palavra. Se o escrevente não as escrevesse corretamente, a tradução não era considerada correta. Isso poderia ocorrer com uma só palavra suprimida ou acrescentada, caso ocorresse isso, ele (Joseph), não poderia continuar com a tradução. A próxima frase ou próxima palavra não aparecia, consequentemente, Joseph não podia transmitir ao escrevente ou continuar com a tradução. Foram acrescentadas, diminuídas ou alteradas cerca de 3 mil vezes partes do texto original, incluindo um problema muito grave, de racismo explícito contido no livro. Deus se enganara ao traduzir?

Por 18 anos, nunca me dei conta sobre o “peso” das placas de ouro. Conforme as dimensões descritas por Joseph Smith e recalculadas inúmeras vezes por inúmeras pessoas, deveriam ter mais de 120 quilos. Seria impossível para um homem só, levantá-las e transportá-las. Manuseá-las constantemente, sem que a esposa ou um dos escreventes pudesse vê-las. Críticos da igreja muitas vezes usam o peso das placas de ouro como prova de que a história do Livro de Mórmon não é verdadeira. Eles fazem cálculos complexos para mostrar como as placas de ouro, com as dimensões descritas pelas testemunhas, devia pesar uns 120 quilos.

Na livraria Tanner’s, em Salt Lake City, foi construída uma réplica das placas de ouro utilizando placas de chumbo, que é mais leve do que o ouro. Eles desafiam os irmãos a levantarem e carregarem as placas ao redor da sala. Os críticos dizem que Joseph não poderia jamais ter carregado e trabalhado com essas pesadas placas de 120 quilos. Ainda, o ouro puro seria muito maleável para ser gravado permanente.

Ainda, por 18 anos não percebi que o livro é tão absurdo. Nele encontramos fantasias como homens vestidos de armaduras, espadas e capacetes de metal e aço. Quando Cristóvão Colombo aportou na América, não encontrou nenhum índio vestido com nenhum artefato semelhante ao descrito no Livro de Mórmon. Eles viviam na idade da pedra lascada ou polida. Os metais não eram utilizados com fins armamentistas.

As cidades descritas no Livro de Mórmon nunca existiram. Nunca foi encontrado nenhum vestígio que datava da época em evidência no Livro, até por volta de 400 d.C., o que os arqueólogos encontram sempre foram ruínas de povos que viveram mais de mil anos após os eventos do Livro de Mórmon.

O alerta que deixo aqui, é de que não devemos nos empenhar inteiramente em nenhuma organização aparentemente boa, com pessoas alegres e cordiais. Devemos desconfiar da doutrina, principalmente quando percebemos muitas novidades contrárias às tradicionais.

Felizmente tive coragem e sobriedade. Consegui me desvencilhar da seita e joguei todos os livros dela, no lixo. Não me serviram para nada. Não me acrescentaram nenhum ensinamento proveitoso. Minha família melhorou consideravelmente após abandonarmos a causa Mórmon. Aliás, aconselho a todos os membros dessa seita, que lerem meu artigo, a fazerem o mesmo. Existe mais vida em abundância fora das garras alienistas da doutrina Mórmon, do que vocês jamais imaginaram. Principalmente, os jovens que foram criados sob os domínios da hipnose coletiva, acreditando que são felizes. Na realidade, a verdadeira felicidade não consiste em seguir dogmas algum, nem em dar dinheiro para Deus. Ele não precisa de dinheiro.

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