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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

A CULTURA DA CONFISSÃO ÍNTIMA

Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Recebi de uma mulher sob a promessa de não identificá-la, via e-mail, a história de uma moça. A autora do e-mail me afirmou que a história é de uma pessoa conhecida por ser filha de uma família tradicional dentro do mormonismo brasileiro. Em seu texto, ela disse que essa moça lhe confessou o envolvimento com um rapaz não membro da igreja Mórmon Brighamita. Eles acabaram namorando e, com o passar do tempo, se envolveram em atividades sexuais íntimas. Não propriamente relações sexuais, com penetração e rompimento do hímen. Apenas masturbação mútua. Segundo a jovem, o seu “pecado” era grave o suficiente, exigindo uma confissão ao seu Bispo Mórmon. Ela nasceu e foi criada dentro da doutrina. Tinha na sua mente, a gravidade e as consequências que lhe foram ensinadas durante toda a vida.

No dia da conversa com o Bispo, mesmo constrangida e envergonhada o suficiente para se expor àquela situação, ficou surpresa ao ouvir as seguintes palavras do líder maior da Ala:

一 Tenho conhecimentos suficientes para entender que a tua transgressão é muito grave aos olhos de Deus. Para poder te ajudar, eu gostaria de saber os detalhes mais “picantes” dessa intimidade a que você se refere como "pecado". Depois de me contar todos os detalhes, poderei tomar alguma providência “inspirada”. Não precisa se constranger, pois, a nossa conversa é entre eu, você e Deus. Ninguém mais deverá saber sobre isso.

Segundo o texto, a moça passou pelo caminho do ridículo, ou seja, confessou o que ela considerou um pecado a um homem casado. Considero essa insana prática de milhares de líderes Mórmons, como um dos maiores obstáculos ao arrependimento completo para um hipotético “pecado”. A absolvição dos “pecados”, de acordo com a doutrina Mórmon, requereu que essa menina fosse até o Bispo, toda envergonhada e tímida, para contar-lhe, minuciosamente, o que ela pensava ser o seu “erro”. O Bispo, na maioria das vezes, um homem despreparado para a função, mais do que ficou interessado na confissão da moça.

A presidência da Igreja de Salt Lake, através das constantes orientações aos líderes que estão em posições hierárquicas inferiores, incentivam a disseminação da observância da regra da confissão dos pecados. As presidências de Estacas têm dificuldades em achar e escolher homens com capacidade cognitiva de orientação psicológica para serem Bispos. Geralmente, pessoas com destravamento racional e capacidade de argumentar não seguem ou aceitam a doutrina Mórmon. Pelo contrário, questionam-na. Então escolhem qualquer um. O menos ruim!

Pessoas como o Bispo citado anteriormente, agem de forma padronizada, criando uma cultura amparada pela própria doutrina, através de seus líderes de Salt Lake, instruindo jovens e adoráveis meninas a contar-lhes os seus hipotéticos “pecados”, para ficarem limpas e puras. Mas, precisavam contar-lhes todos os seus ofegantes gemidos, seus “ooh” e "aah" nos mínimos detalhes, incluindo onde foi preciso ser tocada para ter-lhes causado os prováveis sentimentos de prazer. E também, qual era a posição que se encontravam, quando ficaram ofegantes e gemeram, bem como os detalhes exatos, em ordem cronológica, envolvendo seu estado de nudez. Caso a jovem não conte, o Bispo, mais uma vez, agindo hipoteticamente como um representante devidamente autorizado por Jesus Cristo, simplesmente, não poderá perdoá-la em nome do Messias.

Geralmente as moças têm muitas outras preocupações em suas mentes. Essas novas preocupações, apenas as deixarão traumatizadas. Precisarão de tratamento, de terapia profissional. Terão dificuldades em muitas áreas profissionais e pessoais, pois foram abusadas na sua inocência por uma invasão de privacidade íntima, por um homem com ardil inescrupuloso. Na igreja Mórmon Brighamita é comum os ensinamentos de Autoridades Gerais dizerem que “quanto mais cedo o pecador se humilhar e confessar ao Bispo o seu ‘pecado’, mais cedo ele (o bispo) poderá auxiliar na ‘amenização’ da dor que Jesus sofreu pelo erro do pecador”. Ou, em outras palavras, é ensinado que se uma pessoa pecar, ajudará, de certa forma, a crucificar Jesus. Para um verdadeiro crente na doutrina, isso é uma tortura sem fim.

Se o sangue deve ser derramado para expiar os pecados, como ficam os pecados dos Bispos que abusam dessas jovens moças, trancadas, sozinhas, em seus escritórios? Como fica a expiação dos pecados das Autoridades Gerais da Igreja por incentivarem tal prática de confissão dos pecados? E Como fica a expiação dos pecados dos Presidentes de Estacas que escolheram homens maus para a liderança local?

Nada melhor para um homem de meia-idade, como viver uma vida sexual ativa através da humilhação de uma bela, ingênua e adorável donzela. Quanta fantasia na cabeça desse homem pode produzir confissões dessa natureza?

Ao escrever sobre isso, não tive outra intenção, a não ser, o de ajudar a cada moça, ou cada mulher que pensa em abrir a sua vida íntima para os Bispos da igreja Mórmon Brighamita. Portanto, quanto mais eu conseguir disseminar esses abusos, mais êxito terei.

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