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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

ENTREVISTA PARA UM T.C.C. SOBRE A HISTORIOGRAFIA MÓRMON

Nome: Antonio Carlos Popinhaki

Idade: 57 anos

Naturalidade: Curitibanos, Santa Catarina

Tempo de membro da Igreja: 18 anos (ativo)

Tempo que está fora da Igreja: 15 anos (resignado)

Resignado ou Membro? Resignado

Há quanto tempo estuda a história da Igreja?

Resposta: Praticamente, desde o início quando conheci o mormonismo, ou seja, desde 1988. Nos 18 anos que estive dentro da corporação, eu apenas lia e estudava o que a "seita'' me indicava. Livros, manuais, revistas e assuntos relacionados ao mormonismo eram disseminados pela corporação para mim e demais membros, conforme eram publicadas pela própria igreja. Isso significa que não havia, nos meus estudos, materiais fora das publicações autorizadas pela igreja Mórmon Brighamita (mormonismo).

Qual foi a motivação de ter criado o seu blog?

Resposta: Após eu ter saído da corporação e de ter solicitado um extrato financeiro de todas as minhas doações relacionadas aos meus 18 anos de atividades, fiquei perplexo ao ver os valores que considerei de elevado valor. Me senti muito mal em todos os aspectos. Como não podia exigir os valores de volta, resolvi criar um blog, onde eu escrevi as minhas experiências dentro da corporação, bem como, experiências de outras pessoas que apareceram posteriormente e que me pediram para publicar suas histórias. O meu desejo era apenas um, se eu não podia reaver os meus valores doados “coercitivamente”, pois a pressão para pagar o dízimo e ofertas no mormonismo é extremamente grande, então, quem sabe, com o blog, eu poderia “arranhar” alguma parte das paredes do mormonismo? Dessa forma, o blog serviu como ferramenta para evitar outros a incorrer no mesmo erro que eu.

Qual o objetivo principal do seu blog?

Resposta: Conforme descrito na pergunta anterior, o meu objetivo sempre foi mostrar a todos os que porventura tiverem acesso ao meu blog, o que é de fato o mormonismo. Não pela versão oficial da Igreja Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), mas pela versão de cunho histórico, bem documentada e na maioria das vezes, embasada pelas primeiras publicações históricas da Igreja, como os periódicos, revistas e livros. Muito do que está escrito na literatura Mórmon dos primeiros anos de vida da corporação é extremamente embaraçoso para os seus líderes e membros da atualidade. Exemplo: racismo, habitantes na lua, poligamia, etc.

A maioria do público que comenta, são de membros ou ex-membros?

Resposta: O blog tem diversos leitores. Membros e não membros. Os membros, geralmente postam comentários de ofensas e xingamentos ao autor. Já, os não-membros, escrevem seus comentários, elogiando ou apenas argumentando de forma racional sobre os textos.

Qual o tema mais controverso da história da Igreja?

Resposta: Na minha opinião, o mormonismo tem, pelo menos, três temas controversos:

  1. Revelação Divina a uma pessoa considerada “Profeta”;

  2. O racismo descrito e aceito pelos membros no Livro de Mórmon;

  3. A poligamia, descrita “por revelação” como requisito para se entrar num hipotético céu, onde Deus, o Pai habita.

Esses três temas são extremamente polêmicos e controversos. Ao explorá-los, qualquer pessoa de cognição lúcida e racional se afasta do mormonismo.

Conforme Boyd K. Packer: “Algumas verdades não são muito úteis.” O que é útil e inútil dentro da história Mórmon?

Resposta: De acordo com tudo o que aprendi nos anos do mormonismo, o útil para os líderes Mórmons, é apenas aquilo que mantém os membros sob o cabresto da ignorância. Quanto mais iludidos, mais cegos para a realidade, mais hipnotizados pela intensa repetição de palavras, frases e rituais, os cofres continuamente estarão cheios do seu precioso dinheiro.

A Igreja age como um estado teocrático e suas informações são unicamente a fonte correta de pesquisa. Qual a reação do público em relação ao seu blog?

Resposta: Muitos membros, principalmente os mais alienados, em seus comentários, parecem não acreditar no conteúdo. Muitos deles, ao conversarem com seus líderes locais, são incentivados a não ler nada que não seja publicação autorizada pela Igreja. Isso me deixa um pouco triste, pois eu também, num momento da minha vida, agi da mesma forma. Felizmente os tempos são outros e as pessoas têm a internet como uma enorme fonte de disseminação. Contra os fatos comprovados com fontes, muitas vezes, embasadas pela história escrita por antigos líderes, não há como contestar. Sempre procurei manter um nível de credibilidade no blog, com postagens que fossem embasadas nessas antigas e modernas fontes  da igreja, para que os membros pudessem pesquisar por eles mesmos. 

A Igreja manipula informações e esconde muitos fatos de seus membros?

Resposta: Sim! A igreja manipula e esconde fatos dos membros. Vou citar dois exemplos: Quando éramos membros ativos, aprendemos que o Livro de Mórmon era o livro mais correto da Terra, ditado por Deus, palavra após palavra ao seu “profeta”. Frase após frase, como sendo a própria mão de Deus escrevendo. Depois, quando saímos, descobrimos que a própria Igreja fez milhares de alterações em seu texto, corrigindo erros ortográficos e alterando o sentido de frases. E ainda há mais por vir, como possivelmente, a alteração do nome do livro em futuras edições. Foi nos ensinado que o livro foi traduzido com a ajuda de Urim e Tumim. Posteriormente, descobrimos que foi através de uma pedra colocada dentro de um chapéu.

A Igreja não conta aos membros sobre a sua contabilidade, sobre as suas fazendas e reservas destinadas à caça esportiva, sobre os seus investimentos em hotéis, shopping centers, bancos e ações na bolsa. A igreja não conta aos membros que seus líderes são remunerados e que recebem altos salários, inclusive no Brasil, como Coordenadores do Sistema Educacional da Igreja e Presidentes de Missão.

A Igreja esconde dos membros informações importantes e relevantes que certamente, afastariam qualquer pessoa racional para o mais longe possível do mormonismo, caso soubessem.

Recebeu alguma ameaça da liderança local ou tentativa de censura diante do seu trabalho? 

Resposta: Mandaram um representante da igreja na minha casa, vindo diretamente de Utah, com o intuito de cessar as postagens do meu blog. Não conseguiram! Ameaças eu recebo cotidianamente por membros desavisados e alienados. Essas, eu ignoro e não as considero relevantes.

Qual sua visão atual do Livro de Mórmon?

Resposta: O Livro de Mórmon não é a “palavra de Deus”. Trata-se de um amontoado de plágios de partes da Bíblia (versão King James) e também do livro “Visões dos Hebreus” de Ethan Smith, um antigo pastor que foi líder de uma igreja, onde Oliver Cowdery (escriba do Livro de Mórmon) frequentou.

O Livro de Mórmon é atualmente uma ferramenta embaraçosa para o mormonismo. Algumas facções como a Igreja Reorganizada não o utiliza como obra comparável à bíblia. Creio que com o passar dos anos, a própria Igreja Mórmon Brighamita também seguirá por esse caminho, apesar das palavras do antigo e primeiro presidente, Joseph Smith Júnior que dizia que o Livro de Mórmon é a “pedra fundamental” do mormonismo.

O racismo e o tratamento dado a outras igrejas cristãs como “a grande prostituta de toda a terra” faz com que o livro de Mórmon seja desacreditado pelos historiadores e estudiosos com olhos da ciência. Além do mais, o texto fala de animais que não existiam no continente americano antes de Cristóvão Colombo. Fala de metalurgia, de sistema monetário de uma linguagem escrita chamada de egípcio reformado, coisas que nunca foram comprovadas, nem pelos historiadores da Igreja, nem por historiador algum.

Suas considerações sobre a historiografia da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Resposta: A Igreja, como instituição eclesiástica tende a não prosperar muito. O que não vale para os demais negócios e empresas da corporação. A igreja é um mal necessário para os executivos (presidência, quórum dos doze e dos setentas), pois enquanto a igreja existir, haverá sonegação fiscal, doações para abatimento de impostos, falsas filantropias com ajudas humanitárias insignificantes em relação às entradas de receitas entre outras práticas já aludidas e tornadas públicas pela imprensa, como foi o caso de um rombo de 100 bilhões de dólares desviados da sua finalidade, alardeado publicamente pela imprensa americana.

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