Eu aprendi, de forma dolorosa, que a igreja não é verdadeira.
Conheci a igreja através de um amigo da escola. Ele me convidou para ir jogar vôlei na quadra, e para assistir aula do seminário, que acontecia aos sábados à tarde.
A primeira vez que fui, achei a capela linda. Todos do seminário me receberam muito bem, especialmente a professora. Depois, houve o jogo, mas como sou péssima jogadora, só fiquei olhando. Fiquei impressionada como aquelas pessoas - alguns mais novos, outros um pouco mais velhos - eram bem entrosados, amigos, legais!
Passei a frequentar o seminário e acabei gostando. Foi o ano do Novo Testamento, e coincidentemente, havia um filminho que acompanhava as aulas, de um rapaz chamado "Tom Trilhas". Nosso batismo - meu e do Tom aconteceram quase na mesma semana.
Fui batizada com 11 anos - ainda uma criança - e minha mãe e meu irmão foram batizados posteriormente.
Eu passei a acreditar que me sentir bem no meio dos meus amigos, que ter bons sentimentos quando aprendia coisas boas era o "Espírito Santo". Passei a associar todo bom sentimento ao Espírito Santo, inclusive minha primeira paixão de adolescente como uma "confirmação do Espírito". Claro que a paixão durou, mas só a paixão.
Mas eu acreditava que estava cercada das melhores pessoas do mundo, de um grupo eleito e especial. Adorava fazer parte desse grupo especial. Adorava ter a oportunidade de aprender coisas tão diferentes, já que sempre adorei aprender e estudar.
E assim fui "crescendo" dentro da igreja, sendo chamada primeiro para discursos, depois como professora, e desenvolvi meu dom de oratória.
Mas algumas coisas comentadas no corredor me deixavam um pouco confusa: uma senhora havia ficado muito brava e saído da aula no domingo, Me disseram que foi dito na aula que ela era uma descendente de Caim, que tinha a maldição dele - a pele negra. Fiquei espantada, pois nunca havia ouvido isso.
Minha mente, apesar de "gritar" que havia algo errado, logo foi censurada e eu coloquei esse episódio lá no fundo, bem escondido e suprimido.
Uma outra vez, ouvi que o namorado de minha professora do seminário quase precisou voltar da missão, porque levantaram suspeitas que ele tivesse mistura de sangue negro. O quê? Como pode? Novamente, "gritos mentais" e supressão.
Devo admitir que, desde muito pequena, qualquer piada racista que contavam perto ou para mim, eu simplesmente fechava a cara. E se era alguém mais próximo, pedia para não contar esse tipo de piada, pois eu não gostava.
Bom...talvez eu estivesse errada, afinal de contas. Essa era a igreja de Deus.
Um dia ouvi alguém falar em uma aula que não era racista, mas branco tinha que se casar com branco, negro com negro, oriental com oriental...eu fiquei horrorizada, porque todos concordaram!
Outros temas, a mesma reação. Quando escapou o assunto da poligamia no seminário, a velha desculpa de homens se casando com viúvas idosas para cuidar das famílias...e imediatamente pensei: "Ué, por que não cuidou sem se casar?"
Não, eu estava errada em questionar. Mas questionava. Só que o "prazer" de ser mórmon, de ser diferente, era maior do que tudo. Na verdade, o ego era bem alimentado, a arrogância de ser escolhida, a prepotência de estar entre os melhores - que falsa ilusão.
Quando entrei na Universidade e passei a morar em outra cidade, tinha tanta coisa para estudar, que acabei não indo todos os domingos na igreja. Isso me deu mais tempo de refletir.
Por que tudo é pecado?
Por que até mesmo meu pensamento é pecado?
Como é possível não ter sequer um único pensamento de decepção, de desconfiança.... de raiva? Somos humanos, isso não pode ser pecado!
Como não posso sentir atração sexual, nem ao menos pensar em sexo? Como será depois que eu me casar? Será que vai dar certo? De uma hora pra outra, o pecado vira mandamento... isso não pode estar certo!
Como ser condenada para a eternidade se eu der um passo em falso em uma vida que não é nada perto da eternidade?
Esse Deus é muito injusto!
Isso porque só vou ter uma noção um pouco melhor do que é a vida lá pelos meus 21, 22 anos. Então, decisões racionais e conscientes serão tomadas, no máximo, nos próximos 50 anos?
E as situações de estresse?
Isso foi me afastando. Me desliguei totalmente da igreja, e quase vinte anos mais tarde, encontrei essa comunidade. Quando comecei a ler as coisas aqui, neguei-as. Me aborreci, fiquei mal. Não conseguia acreditar em tudo que lia. Achava que era mentira, não sei.... e descobri que tinha muito mais da igreja dentro de mim do que poderia imaginar.
Passado o susto e a negação, comecei a ler, ler e ler cada vez mais. Conferia nos livros, e tudo estava certo. Cada susto!
Depois apareceu o blog da Nefertiti, o blog da História SUD, e aprendi mais. Tudo documentado, tudo revelado.
Não há mais como voltar. Vida de pecado? Não. Sou casada, não uso drogas, não tenho vida devassa e nunca precisei disso. mantive mais do que deveria os princípios da igreja em minha vida. Mantive muito da culpa que nos é imposta se cometermos qualquer erro, qualquer coisa que não esteja de acordo com o que esperam de nós. Carreguei isso pelos 20 anos, mesmo fora da igreja.
Descobrir essa comunidade e os blogs sérios estão me libertando. Ainda carrego algumas besteiras, mas me sinto mais livre do que nunca, sem as toneladas nas costas de culpa por apenas pensar e questionar.
Amo pensar, questionar, mesmo minha mente vá por caminhos errados. Eu aprendo, volto e questiono de outras formas. Isso é liberdade! E nada, absolutamente nada paga a liberdade que conquistamos após muita dor e decepção ao descobrir que o sonho era, de fato, apenas um engodo.
Como dizem: "Tudo que é bom demais para ser verdade, é porque não é verdade".
Conheci a igreja através de um amigo da escola. Ele me convidou para ir jogar vôlei na quadra, e para assistir aula do seminário, que acontecia aos sábados à tarde.
A primeira vez que fui, achei a capela linda. Todos do seminário me receberam muito bem, especialmente a professora. Depois, houve o jogo, mas como sou péssima jogadora, só fiquei olhando. Fiquei impressionada como aquelas pessoas - alguns mais novos, outros um pouco mais velhos - eram bem entrosados, amigos, legais!
Passei a frequentar o seminário e acabei gostando. Foi o ano do Novo Testamento, e coincidentemente, havia um filminho que acompanhava as aulas, de um rapaz chamado "Tom Trilhas". Nosso batismo - meu e do Tom aconteceram quase na mesma semana.
Fui batizada com 11 anos - ainda uma criança - e minha mãe e meu irmão foram batizados posteriormente.
Eu passei a acreditar que me sentir bem no meio dos meus amigos, que ter bons sentimentos quando aprendia coisas boas era o "Espírito Santo". Passei a associar todo bom sentimento ao Espírito Santo, inclusive minha primeira paixão de adolescente como uma "confirmação do Espírito". Claro que a paixão durou, mas só a paixão.
Mas eu acreditava que estava cercada das melhores pessoas do mundo, de um grupo eleito e especial. Adorava fazer parte desse grupo especial. Adorava ter a oportunidade de aprender coisas tão diferentes, já que sempre adorei aprender e estudar.
E assim fui "crescendo" dentro da igreja, sendo chamada primeiro para discursos, depois como professora, e desenvolvi meu dom de oratória.
Mas algumas coisas comentadas no corredor me deixavam um pouco confusa: uma senhora havia ficado muito brava e saído da aula no domingo, Me disseram que foi dito na aula que ela era uma descendente de Caim, que tinha a maldição dele - a pele negra. Fiquei espantada, pois nunca havia ouvido isso.
Minha mente, apesar de "gritar" que havia algo errado, logo foi censurada e eu coloquei esse episódio lá no fundo, bem escondido e suprimido.
Uma outra vez, ouvi que o namorado de minha professora do seminário quase precisou voltar da missão, porque levantaram suspeitas que ele tivesse mistura de sangue negro. O quê? Como pode? Novamente, "gritos mentais" e supressão.
Devo admitir que, desde muito pequena, qualquer piada racista que contavam perto ou para mim, eu simplesmente fechava a cara. E se era alguém mais próximo, pedia para não contar esse tipo de piada, pois eu não gostava.
Bom...talvez eu estivesse errada, afinal de contas. Essa era a igreja de Deus.
Um dia ouvi alguém falar em uma aula que não era racista, mas branco tinha que se casar com branco, negro com negro, oriental com oriental...eu fiquei horrorizada, porque todos concordaram!
Outros temas, a mesma reação. Quando escapou o assunto da poligamia no seminário, a velha desculpa de homens se casando com viúvas idosas para cuidar das famílias...e imediatamente pensei: "Ué, por que não cuidou sem se casar?"
Não, eu estava errada em questionar. Mas questionava. Só que o "prazer" de ser mórmon, de ser diferente, era maior do que tudo. Na verdade, o ego era bem alimentado, a arrogância de ser escolhida, a prepotência de estar entre os melhores - que falsa ilusão.
Quando entrei na Universidade e passei a morar em outra cidade, tinha tanta coisa para estudar, que acabei não indo todos os domingos na igreja. Isso me deu mais tempo de refletir.
Por que tudo é pecado?
Por que até mesmo meu pensamento é pecado?
Como é possível não ter sequer um único pensamento de decepção, de desconfiança.... de raiva? Somos humanos, isso não pode ser pecado!
Como não posso sentir atração sexual, nem ao menos pensar em sexo? Como será depois que eu me casar? Será que vai dar certo? De uma hora pra outra, o pecado vira mandamento... isso não pode estar certo!
Como ser condenada para a eternidade se eu der um passo em falso em uma vida que não é nada perto da eternidade?
Esse Deus é muito injusto!
Isso porque só vou ter uma noção um pouco melhor do que é a vida lá pelos meus 21, 22 anos. Então, decisões racionais e conscientes serão tomadas, no máximo, nos próximos 50 anos?
E as situações de estresse?
Isso foi me afastando. Me desliguei totalmente da igreja, e quase vinte anos mais tarde, encontrei essa comunidade. Quando comecei a ler as coisas aqui, neguei-as. Me aborreci, fiquei mal. Não conseguia acreditar em tudo que lia. Achava que era mentira, não sei.... e descobri que tinha muito mais da igreja dentro de mim do que poderia imaginar.
Passado o susto e a negação, comecei a ler, ler e ler cada vez mais. Conferia nos livros, e tudo estava certo. Cada susto!
Depois apareceu o blog da Nefertiti, o blog da História SUD, e aprendi mais. Tudo documentado, tudo revelado.
Não há mais como voltar. Vida de pecado? Não. Sou casada, não uso drogas, não tenho vida devassa e nunca precisei disso. mantive mais do que deveria os princípios da igreja em minha vida. Mantive muito da culpa que nos é imposta se cometermos qualquer erro, qualquer coisa que não esteja de acordo com o que esperam de nós. Carreguei isso pelos 20 anos, mesmo fora da igreja.
Descobrir essa comunidade e os blogs sérios estão me libertando. Ainda carrego algumas besteiras, mas me sinto mais livre do que nunca, sem as toneladas nas costas de culpa por apenas pensar e questionar.
Amo pensar, questionar, mesmo minha mente vá por caminhos errados. Eu aprendo, volto e questiono de outras formas. Isso é liberdade! E nada, absolutamente nada paga a liberdade que conquistamos após muita dor e decepção ao descobrir que o sonho era, de fato, apenas um engodo.
Como dizem: "Tudo que é bom demais para ser verdade, é porque não é verdade".
Tina
Extraído do Blog Investigações SUD
http://investigacoessud.blogspot.com.br/2011/03/testemunho-5-tina.html
Apesar de não saber quase nada sobre a igreja SUD, o pouco que já pesquisei e presenciei me deixou triste. Conheci a igreja através de um namorado, visitei algumas vezes,até achei legal como as pessoas são educadas e receptivas, mas as "lições" que me foram passadas não tem nada a ver com o que acredito. Aprendi desde cedo a respeitar as crenças alheias e se alguém discorda do que penso, eu não irei amar menos ou me afastar dessas pessoas. O que quero dizer é que o simples fato de eu não pertencer a igreja foi decisivo para que meu namorado e eu terminássemos. Nos gostamos e estamos separados porque a igreja "colocou" na cabeça dele que ele deve se casar com um membro. Não aceito a lavagem cerebral que essa igreja faz na cabeça das pessoas. Tudo é errado, tudo é pecado. Temos (ele e eu) mais de 30 anos, solteiros e não podemos fazer sexo. Não podemos ir ao cinema ou restaurantes aos domingos. Queria muito que um dia ele acordasse e visse como ele está deixando de viver por causa dessas regras estúpidas criadas pelos homens. Deus quer que sejamos felizes e façamos o bem!! Queria que um dia ele se libertasse disso tudo!!
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