A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acredita que os espíritos das pessoas falecidas, que não aceitaram o evangelho Mórmon, não podem entrar no Reino Celestial, até que um Mórmon seja batizado em seu lugar, por procuração. Esta idéia particular de uma pessoa viva ser imersa em lugar de outra já falecida se encontra na história de Joseph Smith.
Crisóstomo afirmava que os Marcionitas (discípulos de Marcion) praticavam o batismo pelos mortos: "depois que um catecúmeno morria, eles colocavam um homem vivo debaixo da cama do morto e indo até este, indagavam-lhe se desejava ser batizado. Como ele não podia responder, o outro respondia em seu lugar, e então eles batizavam o vivo em lugar do morto". A Igreja, sem dúvida, naquele tempo era degenerada e a forma particular devia ser incorreta, mas isto está muito claro nas Escrituras, tanto que Paulo, falando da doutrina, diz: "Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos?" (1 Coríntios 15:29). (History of the Church, 4:599).
Os eruditos da Bíblia estão divididos quanto à significação deste verso. Os Mórmons, é claro, crêem que se aplica ao serviço do templo, onde uma pessoa viva é batizada em favor da outra já falecida. Porém, mesmo que este verso se aplicasse a uma pessoa viva sendo batizada por outra qualquer, como os Mórmons garantem, isso não prova que os fiéis cristãos o praticassem. Paulo não diz que "nós" somos batizados pelos mortos, mas que "eles" são batizados pelos mortos. O uso do vocábulo "eles", em vez do vocábulo "nós", poderia fazer uma enorme diferença na significação desta declaração. Se um Protestante fizesse a indagação: "Por que eles oram pelos mortos, se os mortos de modo nenhum ressuscitam?" isso não significaria que eles endossam a doutrina católica da oração pelos mortos. Se, contudo, uma pessoa fez a declaração "Então por que devemos orar pelos mortos, se os mortos de modo nenhum ressuscitam?" não entenderíamos que ela estivesse crendo na oração pelos mortos" (Jerald and Sandra Tanner, The Changing World of Mormonism, p. 153).
Charles R. Hield e Russell F. Rolston apresentam uma excelente discussão sobre este verso: Uma cuidadosa leitura desta carta mostra que o apóstolo Paulo escreve aos santos de Corinto, usando pronomes "eu", "nós", "vós" e "tu" ao referir-se a eles e a si mesmo, o tempo inteiro, nesta mensagem. Mas quando ele menciona o batismo pelos mortos, ele muda para o pronome "eles"- "O que eles farão?" - "Por que então se batizam pelos mortos". No verso seguinte ele volta ao uso dos pronomes "nós" e "vós". Então, ele parece se dissociar e aos santos justificados dos métodos usados por aqueles grupos, que, nesse tempo, estavam praticando o batismo pelos mortos.
O apóstolo Paulo não induzia os seus crentes a praticar tal princípio, nem sequer aconselhava isso. Ele simplesmente usou o caso como ilustração. Paulo não adorou "o deus desconhecido" dos pagãos, por ter encontrado um altar a ele dedicado (Atos 17:23)... Não há menção alguma de batismo pelos mortos na Bíblia, antes de Paulo, e nenhuma depois dele. Paulo, bem como os demais apóstolos, em vez de endossar o batismo pelos mortos e depois praticar, pareceu ter exercido uma influência contrária sobre esta ordenança, uma vez que ela era realizada somente entre os hereges.
A Bíblia não contém uma doutrina específica autorizando esta ordenança. Cristo não a menciona, nem qualquer um dos apóstolos, exceto Paulo, o qual fez apenas uma referência indireta à mesma. (Batismo Pelos Mortos, Independence Mo, Herald Publisher House, 1951, ps. 23-24).
O fato de Cristo jamais ter mencionado o batismo pelos mortos é uma forte evidência de que esta doutrina estava ausente na Igreja Cristã Primitiva.
Orson Pratt admite que a Bíblia não contém qualquer informação quanto ao fato do batismo pelos mortos ser realizado. Sua desculpa para a Bíblia não conter esta informação é que ela provavelmente se extraviou ou foi retirada da Bíblia. Ele afirma:
“A doutrina do batismo pelos mortos deve ter sido bem entendida por eles... Se não quando, ou de que modo, fora a doutrina a eles comunicada? Ela podia ter sido escrita previamente para eles. Ela deveria ter sido tão importante quanto o batismo pelos vivos. A Palavra escrita ou não escrita de Deus com a qual a Cristandade está familiarizada, nos informa algo como esta cerimônia é efetuada? Ela informa quem deve oficiá-la? Quem é o candidato em lugar do morto? Que classe de mortos deve ser beneficiada? A Escritura e a Tradição nos informam em que esta doutrina particular do batismo pelos mortos afetará a sua ressurreição? Elas informam se o batismo pelos mortos pode ser administrado em todos os lugares, ou somente numa fonte batismal, num templo consagrado para esse propósito? Todas estas importantes indagações permanecem sem resposta na Escritura e na Tradição” (Orson Pratt Works, 1891, p. 205).
Os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias têm um zelo muito grande pelo serviço em favor dos mortos, crendo, como o fazem, que estão salvando os seus ancestrais. O Presidente John Taylor dizia: "... Somos as únicas pessoas que sabem como salvar nossos progenitores... Somos de fato os salvadores do mundo, se realmente eles são salvos." (Journal of Discourses 6:163). O Presidente Wilford Woodruff sentia que havia salvo John Wesley, Colombo e todos os Presidentes dos Estados Unidos, exceto três:
"... duas semanas antes de sair de St. George, os espíritos dos mortos se reuniram ao meu redor, desejando saber por que não haviam sido redimidos...Eram eles os signatários da Declaração da Independência e ficaram esperando por mim durante dois dias e duas noites... Eu fui direto até a fonte batismal, chamei o irmão McAllister para me batizar pelos signatários da Independência e outros 50 homens eminentes, num total de 100, inclusive John Wesley, Colombo e outros. Em seguida eu o batizei em lugar de todos os Presidentes dos Estados Unidos, exceto três, e se a causa deles for justa, alguém fará o serviço por eles" (Journal of Discourses, 19:229).
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias gasta milhões de dólares fazendo pesquisas genealógicas, a fim de encontrar nomes de quem já morreu, a fim de efetuar o batismo por procuração. A este respeito fala o apóstolo da SUD, Bruce McConkie:
“Antes das ordenanças vicárias da salvação e exaltação deverão ser realizadas pelas pessoas que já morreram... Elas devem ser acurada e apropriadamente identificadas. Uma vez que a pesquisa genealógica é exigida... A Igreja mantém em Salt Lake City uma das maiores sociedades genealógicas. Grande parte da fonte do material de várias nações da Terra tem sido ou está sendo microfilmada por esta sociedade. Milhões de dólares são gastos e uma reserva de centenas de milhões de nomes e outros dados sobre as pessoas que viveram nas gerações passadas, para o estudo” (Mormon Doctrine, 1966, ps. 308-309).
Em que extensão é feita a pesquisa genealógica da SUD? Vejamos o testemunho de Wallace Turner:
"A microfilmagem dos registros é uma obra fantástica, crescendo cada vez mais, operada em benefício do ancestral, e das cerimônias vicárias no templo". Em 01/09/65 a divisão de microfilmagem tinha um total de 406.682 rolos de microfilme de 100 pés cada um... A carga total de microfilmes incluía 576.679.800 pés de documentos. Havia mais de 5 bilhões de nomes nos arquivos. A Igreja coloca cerca de 4 milhões de dólares anualmente na Sociedade Genealógica. Ela tem 575 empregados e é sustentada por uma comissão que inclui dois apóstolos. A unidade de microfilmagem envia gente ao mundo inteiro para localizar, e fotografar registros... Os negativos dos microfilmes são estocados num sistema de grandes câmaras cavadas nas rochas de Cottonwood Canyon... ao sudoeste de Salt Lake City. Este sistema de armazenagem subterrânea foi produzido pela Igreja ao custo de 2,5 milhões de dólares. Ele dispõe de seis câmaras, cada uma guardando um milhão de rolos de filmes... Durante o ano de 1964, as unidades de microfilmagem operaram em 14 países" (The Mormon Establishment, ps. 81-82).
O apóstolo Le Grand Richards predisse que "num futuro não muito distante a Biblioteca Genealógica da igreja Mórmon será não apenas a melhor do mundo, mas também será o repositório de todas as demais bibliotecas genealógicas" (A Marvellous Work and Wonder, p. 192).
Parece que o Serviço do Templo pelos mortos dentro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias vai ganhando cada vez mais significação. Com mais de uma centena de templos já em operação, e mais alguns já anunciados ou em construção. Os não Mórmons precisam lembrar que a razão do serviço no templo é tão importante para os Mórmons, que é uma exigência à sua própria exaltação divindade no Reino Celestial.
Joseph Fielding Smith proclamou que "o maior mandamento que nos foi dado e tornou-se obrigatório é o serviço do templo em nosso favor e em favor dos nossos mortos." (Doctrines of Salvation, 2:149). Ele disse ainda; "O Profeta Joseph Smith declarou: "A maior responsabilidade que Deus colocou sobre nós neste mundo é localizar os nossos mortos" (Ibid 2:146).
Interessante é que mesmo que supostamente o Livro de Mórmon contenha a "totalidade do evangelho", ele jamais menciona a doutrina do batismo pelos mortos, nem sequer uma vez. A palavra "batismo" aparece 25 vezes no Livro de Mórmon. A palavra "batizar" aparece 85 vezes e a expressão "batizando" aparece 6 vezes, porém a doutrina do batismo pelos mortos não é de modo algum mencionada. Em verdade o Livro de Mórmon até condena qualquer idéia que leve à prática do batismo pelos mortos. Isso indica claramente que não existe chance alguma da pessoa se arrepender depois da morte, se conheceu o evangelho mas o rejeitou.
Outro serviço do templo que é realizado em favor dos mortos é o casamento celestial - mas isso é outro assunto.
Artigo de Dennis A Wright
Jornal "The Evangel", edição março/abril, 1998
Traduzido por Mary Schultze
http://mentiramormon.blogspot.com.br/2007/02/servio-nos-templos.html
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