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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

ANTES EU VIA, HOJE EU ENXERGO…


Sou uma mulher que abriu os olhos para o mormonismo. Meu nome não é relevante neste momento. Se eu o revelasse aqui, tenho certeza de que poderia ter muitos problemas. Decidi evitá-los. Vou contar-lhes como foi o meu contato com o mormonismo. Antes morava numa cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro. Lá, naquela cidade, nunca tinha ouvido nada sobre os Mórmons.
No auge de minha adolescência mudei-me  para uma cidade do interior de Minas Gerais. Pouco depois de completar  17 anos, eu  encontrei os missionários Mórmons em serviço de proselitismo. Eles começaram a falar comigo. Se apresentaram como missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Um era americano e o outro era brasileiro. Eles se ofereceram para me ensinar algumas palestras sobre sua igreja.
Minha mãe, que é membro de uma Igreja Evangélica ficou muito revoltada e não permitiu que esses missionários fossem em nossa casa para ensinar-me as tais palestras. Apesar da proibição da minha mãe, eu aceitei saber mais sobre essa igreja. Então os missionários começaram a dar-me as palestras escondido da minha mãe. Minha mãe repudiava veementemente a igreja Mórmon. Ela dizia para mim que se tratava de uma seita diabólica e racista. Apesar disso, recebi as palestras dos missionários.
Como eu era  menor de idade e precisava de uma autorização para o batismo, os missionários Mórmons não puderam concretizar o meu batismo naquela ocasião dos meus 17 anos. Numa das palestras, eles me desafiaram a orar para saber se a Igreja era verdadeira ou não. Talvez, por causa da influência dos novos conhecimentos em minha cabeça, acabei sonhando naquela noite que estava dentro da igreja. Para mim, aquele sonho foi uma revelação muito forte de que o que os missionários estavam me ensinando às escondidas era de fato a igreja verdadeira. Apesar de tentar me batizar na ocasião, não tive a autorização ou permissão da minha mãe.
Posteriormente, houve algum  problema  grave com o atual presidente do meu ramo e os missionários foram removidos. Isso acontece cotidianamente em vários lugares. Por problemas banais, às vezes, os missionários são removidos. A presidência da missão deixou a minha cidade de 2 a 4 anos sem nenhum missionário de tempo integral fazendo trabalho de proselitismo. Com isso, acabei abandonando completamente minha ideia de pertencer ao corpo de membros do mormonismo.
Comecei a frequentar a igreja evangélica da minha mãe. O tempo passou. Agora eu estava com 22 anos de idade. Numa certa noite, enquanto eu estava no Facebook, encontrei o ex-missionário americano que me ensinara anos atrás. Começamos a interagir naquela rede social. Ele me perguntou enfaticamente: “Por que você ainda não se batizou na Igreja?” Respondi para ele que “minha mãe não deixava”. O ex-missionário então me falou que eu era agora maior de idade. Não precisava mais de autorização da mãe para tomar decisões.
Pensei um momento e decidi enfrentar minha mãe. Marcamos a data para o batismo. Na reunião batismal não apareceu ninguém da minha família. Entretanto, achava que estava tomando a decisão correta. Afinal, “é necessário a oposição em todas as coisas…
Batizei-me e permaneci ativa. Era o que eu queria. Ser membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eu tinha 22 anos quando me batizei. Tive vários chamados naquela unidade da Igreja. Fui missionária de Ala, Conselheira da Organização das Moças e da Primária. Professora dessas organizações auxiliares.
Uma vez, quando eu era missionária de Ala, aconteceu algo que me marcou muito. O atual Presidente de Ramo começou “a pegar no meu pé”. Eu e minha companheira designada para o serviço estávamos trabalhando com muito afinco. Fazíamos visitas, ajudávamos na obra missionária, participávamos das reuniões referente ao nosso chamado, enfim, estávamos plenamente ativas no que nos competia fazer como missionárias de Ala. Esse Presidente de Ramo nos dizia que não estávamos trabalhando direito. Numa ocasião, numa reunião em que estava presente um pesquisador, esse Presidente de Ramo me disse que os missionários não estavam fazendo o seu serviço direito.
No ano seguinte, eu estava agora com 23 anos de idade. Coloquei na minha cabeça que deveria ser uma missionária de tempo integral. Na ocasião, eu projetava na minha cabeça ter uma família Mórmon feliz e eterna! Eu namorava um rapaz de outra cidade do Estado de Minas Gerais. Esse meu namorado foi chamado para a missão. Não permaneceu um mês no campo missionário. Teve problemas de saúde!
No seu retorno, eu falei para esse meu ex-namorado, que eu estava me preparando para a missão. Então veio a surpresa! Ele foi enfático: “Olha! Você escolhe! A missão ou eu!” Eu estava muito ativa e firme naquele momento na igreja. Falei para ele “É um absurdo você me falar isso! Ele tinha uma doença que não era grave. Sua família era de recursos financeiros estáveis. Eu achava que eles resolveriam essa situação da saúde do meu ex-namorado facilmente.
Nosso namoro não estava nada bem. Seu comportamento comigo começou a ficar estranho. Ele, sabendo que eu estava me preparando para a missão começou a acusar-me de culpada por sua saúde não melhorar. Disse isso para mim. Que eu o deixava nervoso com essa história de missão. Ele era considerado para as moças da estaca, dentre todas as alas, como o “melhor partido” dentre os rapazes existentes.
Ele me dizia que estava sob uma pressão e stress muito grande. Que eu deveria escolher logo: “Ou eu ou a missão!” Eu falei para ele: “Então, eu decido ir para a missão!” - Preparei todos os documentos necessários para a missão. Entretanto! Por problemas de saúde, acabei não fazendo a tal missão de tempo integral. Também sofri pressão da minha mãe com relação à essa história. Numa entrevista com o Presidente do Ramo, eu falei para ele que minha mãe estava muito revoltada. Ela estava ameaçando processar a Igreja. A resposta que eu ouvi dele foi que não devíamos nos preocupar, porque “a Igreja tem muitos advogados”.
Resumindo! Não fui para a missão. Terminei meu relacionamento com o rapaz. Em 2015 houve mudanças na organização da área da minha Estaca. Agora pertencíamos a um Distrito! Chamaram um Presidente do Ramo que ficou poucos meses no cargo. Segundo todos os demais líderes do Distrito, “esse homem não correspondeu com o esperado em seu chamado”. Por isso foi desobrigado. Então chamaram novamente para presidir o ramo o antigo presidente que já tinha sido bispo, aquele que teve um problema com os missionários...
Esse homem é um ditador! Não levantei minha mão para apoiá-lo... Eu não vejo nada que represente Cristo nessa pessoa. Entretanto, eu o respeitava  como líder dentro da igreja. mesmo discordando pessoalmente da sua falta de carisma ou empatia (tanto que ele tinha um apelido “Sr. carrasco”).  
Fui entrevistada por ele. Recebi cargos e comecei a participar das reuniões de Conselho do Ramo. Nessas reuniões comecei a perceber uma igreja totalmente diferente daquela que eu conhecia até então. Ninguém enfatizava ou centrava a reunião em Jesus Cristo, apenas em metas e números. Fui observando isso e começando a perceber que alguma coisa não estava certo. Definitivamente, eu não acreditava que Deus tivesse chamado esse Presidente de Ramo. Ele não era nem um pouco parecido com o que Cristo tinha ensinado para ser um representante do Filho de Deus. Mesmo assim, eu relutava. Achava que no fundo, era uma opinião pessoal minha. Que eu devia estar enganada. Ele é uma pessoa que maltrata os membros. Nada acontece com ele. Nenhuma retaliação por parte dos líderes que estão hierarquicamente acima dele.
O Ramo da igreja estava sob suas opiniões pessoais. Ele até mesmo questionou o Manual Geral de Instruções da Igreja, afirmando que suas decisões estavam acima do conteúdo do Manual. Ele era o juiz de |Israel e que o que ele dissesse era lei naquele Ramo da Igreja.
Começou a ter afastamentos de pessoas da Igreja por causa desse Presidente de Ramo e sua conduta. Tive certeza que o problema não era peculiar à minhas convicções pessoais sobre sua personalidade. “Eu sou o Juiz de Israel! Tenho o direito de decidir sobre a vida espiritual das pessoas. Tenho o poder para sobrepujar o Manual Geral de Instruções” Assim ele falava. Com o tempo, alguns se afastaram. Outros se batizaram. Na verdade, não houve crescimento da unidade ou do Ramo em minha cidade.
Com o passar do tempo eu percebi que a Igreja é mais uma organização empresarial, corporativa do que propriamente dita uma igreja. Metas e números são mais importantes do que ensinar sobre Jesus Cristo. Os homens, na maioria machistas, atuam como muitos juízes que querem te julgar, te condenar por qualquer coisa. Poucos deles querem de fato, te ajudar. Faz um certo tempo que não vou mais na Igreja. Me sinto leve. Antes me sentia sob pressão! Pressão do cargo, das reuniões, da busca pelas metas. Sobre Jesus não havia meta alguma. Quase nem falam dele no meu Ramo. Então comecei a pesquisar na internet e achei este blog. Comecei a abrir mais meu olho em relação ao mormonismo. “É muito enfeite e pouca ação!” Não pretendo mais voltar a viver sob a pressão do mormonismo. Com este texto quero ajudar muitos que passam ou passaram por situações semelhantes e que ainda não tiveram coragem de tomar a sua decisão de deixar o mormonismo. Que façam agora.
Um membro da igreja me perguntou o que está acontecendo comigo? Apenas disse olhei e vi... Agora eu enxergo!

Entendi que Deus e Cristo não têm nada a ver com religião seja ela qual for... A religião, principalmente o mormonismo, é um meio pelo qual pessoas são alienadas e controladas... Pense bem você serve a Cristo ou a uma religião?

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