No início do ano de 2016 o missionário retornado de uma Ala qualquer da cidade do Rio de Janeiro retornou após ter terminado sua missão. Seu nome na missão era Elder Alexandre. Um jovem simples como a maioria dos jovens missionários da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Alexandre antes de conhecer a doutrina Mórmon não tinha nenhum conhecimento religioso. A formação da sua família é católica não praticante. Eles se consideram católicos regulares devido a sua pouca participação no catolicismo.
Esse jovem rapaz teve o encontro com o mormonismo num momento em que sua vida estava atravessando uma fase delicada. Ele havia perdido a sua mãe que faleceu quando ainda era uma criança. Estava morando com seus tios, que o adotaram para que ele pudesse ter um lar na sua juventude.
Como não era a sua casa, nem a casa de sua família, Alexandre teve muitos problemas de relacionamento com seus tios na sua juventude até que um certo dia, num momento de incertezas e sofrimento pessoal apareceu alguém que o apresentou à Igreja Mórmon.
No mormonismo ele disse a todos que se encontrou espiritualmente, até o ponto de sair para uma missão de tempo integral por dois anos completos.
Luka é um homem de 38 anos de idade. Ao contrário de Alexandre, é de formação católica praticante. Da sua família saíram também outros sacerdotes católicos e um bispo que atua numa paróquia da cidade do Rio de Janeiro. Ele mora atualmente na mesma rua que Alexandre. Luka é um padre católico.
Apesar da idade, Luka pode ser considerado um religioso de fé, com raízes plantadas desde a tenra idade. Ele é vaidoso, por isso gosta de esportes. Faz academia e pratica alguns esportes. Ele tem sua fé e opção sexual bem resolvidas. Ele é gay! É discreto e guarda esse segredo temendo talvez, represálias de vários segmentos: familiar, da sua religião e do próprio clero da sua paróquia. Gosta de homens e já teve dois namorados.
Quem me contou essa história real diz que o destino colocou Luka na proximidade de Alexandre. De fato, os dois agora são vizinhos. Parece que este mundo é mesmo pequeno. Numa cidade com milhões de habitantes como é o caso da cidade do Rio de Janeiro, o encontro se deu na ocasião em que o bispo Luka tinha uma viagem marcada para a Europa. Foi poucos dias antes do embarque, no mês de junho do ano de 2016. Foi quando os dois se encontraram pela primeira vez ao acaso. Foi numa rua qualquer e num lugar público.
Talvez o assunto religião fosse o motivo desse encontro informal e discreto dos dois. Um era missionário retornado e o outro um bispo católico. Portanto, havia algo em comum. Naquele dia a conversa entre os dois foi basicamente sobre esse mesmo assunto. Experiências e troca de opiniões sobre os dogmas de suas crenças.
O que talvez Alexandre não tivesse percebido inicialmente é que Luka ficara perdidamente impressionado com ele, não só demonstrava interesse nos assuntos relacionados ao mormonismo, mas sim, na pessoa Alexandre.
Após algum tempo de conversa Luka disse abertamente que ficara profundamente encantado com o ex-missionário Mórmon. Prometeu-lhe ajuda financeira se saíssem juntos. Aparentemente, Alexandre ficou ou sentiu-se embaraçado com a proposta do padre católico. Como estava precisando de dinheiro e encontrava-se desempregado pediu o telefone de Luka e prometeu pensar e ligar.
Elder Alexandre já tinha presenciado casos de relacionamento homossexual na sua missão Mórmon. Não foi uma grande surpresa saber que um padre católico era gay. No mormonismo também havia missionários que se declaravam para seu companheiro ou no caso das sisteres, para sua companheira.
Após a viagem da Europa, que durou mais de um mês Luka encontrou novamente Alexandre próximo à sua casa, na mesma rua onde ambos moram vizinhos sem terem esse prévio conhecimento de vizinhança. Nesse período Alexandre foi tentado a ligar para Luka pela oferta. Fez isso duas vezes sem obter o atendimento às ligações. Talvez o padre Luka não podia atender nos dois momentos.
Isso incomodou Alexandre. Ele até comentou sobre a proposta recebida com outro amigo da Igreja Mórmon. Falou que fora assediado por um padre católico. No fundo achava que o padre não estava interessado realmente nele. Que fora algo do momento do encontro dos dois.
Em agosto Luka retornou ao Brasil e conhecendo a rua onde Alexandre passava e também o horário rotineiro do ex-missionário Mórmon, foi até seu encontro. Dessa vez deu certo.
Os dois se encontraram e finalmente marcaram um primeiro encontro íntimo. Esse primeiro encontro foi o início de um relacionamento que perdura até agora (novembro de 2016).
Marcado pela paixão (pelo padre Luka) e ganância por dinheiro (por Alexandre), os dois começaram um forte relacionamento que tem sido perturbador para ambos, pelo fato de ser escondido.
Para Alexandre, por saber que entre os membros do mormonismo a homossexualidade não é algo exclusiva da sua pessoa. Mas é repreensível pelos líderes. É mais do que comum, entretanto, às escondidas. Ele teme represálias, como a desassociação ou a excomunhão. Ele mesmo já presenciou isso na sua missão. Ele também teve muitos outros contatos em conversas sobre o assunto com jovens de outras religiões, que hoje são seus amigos.
Élder Alexandre venera com reservas todas as proibições dos Santos dos Últimos Dias, mas só uma ele guarda verdadeiramente sem vacilar: não toma café.
O relacionamento entre ele e Luka permanece firme até os dias atuais em que me escreveu, mas às escuras e com planos para enrolar os membros das duas igrejas, onde os personagens são membros. Tanto a Igreja católica, como a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Luka o busca na porta das capelas algumas vezes, o que deixa os membros Mórmons apreensivos, achando que Satanás quer tirar o pobre ex-missionário dos caminhos corretos do mormonismo. Diariamente, Alexandre e Luka saem depois das reuniões e missas.
Essa é uma das muitas histórias verdadeiras que acontecem às escondidas, talvez por causa dos rigores da doutrina, com suas proibições e sentenças de culpa. Essa é também a história resumida de um élder bissexual que vive normalmente dentro da igreja sem que ninguém desconfie.
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