Bem, a minha história como membro da igreja começou cedo. Me batizei aos 11 anos de idade em 1990. Comigo, também batizaram meu irmão e minha irmã. Ambos mais velhos que eu. Minha mãe e minha irmã mais nova se batizaram posteriormente.
Eu nunca fiquei inativa e acreditava plenamente na igreja. Conheci meu esposo (que não era membro) em 1998. Logo depois, ele se batizou e nos casamos em 2001. Nos selamos no mesmo ano.
Moro no Estado de Tocantins. Fazíamos parte dos pioneiros da igreja aqui. Eu não fiz missão. Nem meu esposo. Ele sempre teve muitas dúvidas e sempre foi muito relutante em muitas coisas. Às vezes, ele cedia para não brigarmos. Outras vezes, eu não insistia, porque a meu ver, ele ainda não tinha um testemunho.
Nossa filha mais velha, que hoje já tem 11 anos, se batizou aos 8 anos. Temos duas filhas! Uma de 11 e outra de 6 anos. Nunca tive um trauma na igreja e para mim era o melhor lugar do mundo. No ano passado, nós estávamos, meu esposo e eu, trabalhando muito, correndo bastante em nossa vida diária, mesmo assim, como fazíamos parte de um Ramo muito pequeno eu tinha cargos muito pesados. Eu era presidente da primária, professora do seminário, líder de bem estar e instrutora do curso de auto suficiência. Uaaaafaaa! Um belo dia, eu parei prá pensar. O que estava fazendo da minha vida? Porque eu acordava às 05:30 horas da manhã prá ler as escrituras. Ia para o trabalho das 08:00 horas da manhã, até as 14:00 horas. Chegava, preparava a aula, ou da noite familiar se fosse segunda, ou do seminário se fosse de terça a sexta, da primária se fosse sábado e do CASP se fosse domingo. Fora isso, a minha prioridade era a igreja. Ah! E aos domingos, eu tocava piano na reunião sacramental.
Minha família vivia das minhas sobras de tempo e de humor. Eu estava sempre cansada e estressada. Sem contar, que eu era uma pessoa extremamente julgadora. Era super rígida com minhas filhas. Eu dei um estalo e pensei! Eu estou infeliz! Frustrada! Por que não consigo ser perfeita? E sem vida? Eu vivia tensa sempre.
Conversei com meu esposo. Ele me disse que percebia isso. Mas sempre que tentava falar prá mim, eu ficava brava porque achava que estava fazendo tudo isso prá Deus. Então eu decidi que queria um tempo de tudo, dos cargos, da igreja. Chamamos o presidente em nossa casa. E explicamos a situação para ele. Sabíamos que seria uma conversa difícil. Meu esposo era Líder da Missão da Ala. Enfim... ele chorou. O Presidente perguntou se tínhamos um testemunho. Eu simplesmente disse que eu queria respirar. Queria ter tempo prá minha família, prá pensar.
Tão logo parei de ir a igreja, eu continuei com minhas orações e senti que Deus me amava e que não exigia tanto de mim. E que Ele é onipresente. Não está somente em um lugar. E principalmente, Ele não tem religião.
Comecei então a pesquisar e a ficar horrorizada com as descobertas que fui tendo. Como pude ser tão cega? Fui enganada por 26 anos da minha vida. Perdi completamente meu testemunho. Tudo se quebrou. E tenho até raiva disso tudo. Pensei! Preciso contar a todos da minha família! Minha mãe e meus irmãos. Qual não foi minha surpresa? Começaram todos, com excessão da minha mãe, a me isolar. A me olharem como se eu fosse um monstro. Eu fiquei e estou muito incomodada com tudo isso. É bem recente. Pedimos nossa desassociação em abril. O Presidente disse que era prá gente jejuar e orar. Eu fico chateada. Eles simplesmente não respeitam nossa liberdade de escolha. Acham que estamos cegados. Ou que buscamos desculpas para fazer o que é errado aos olhos deles. Só digo uma coisa disso tudo, minha vida mudou demais, prá melhor. Ainda estou confusa. Às vezes, nem sei como orar. Mas sei que estou longe da igreja SUD. Mas não de Deus. Ele está comigo. Eu estou feliz. Eu tenho tempo prá minha família. Para o meu esposo. Meus domingos são muito bem aproveitados. Os amigos da igreja são poucos, os que não ficaram diferentes. Prá mim foi um ótimo filtro.
Nasci numa cidade pequena, e depois que meus pais se separaram me mudei para uma cidade maior com a minha mãe, passando a morar bem perto de uma capela mórmon. Da nossa casa dava para ver a capela, e de vez em quando eu via os missionários passando, a primeira vez que eles bateram em nossa porta, a gente dispensou eles rapidinho.
ResponderExcluirMas , o que me chamava atenção é que tinha muito movimento nos finais de semana, com muitos jovens de minha idade. Notei tb que a capela tinha uma quadra de futebol e que algumas noites tinha gente que jogava bola lá.
E eu , que tinha vindo de outra cidade, tava com dificuldade de fazer amigos. Os meus finais de semana eram muitos chatos, não tinha mais meus amigos do interior e não tinha feito novos amigos ainda.
Até que um dia, novamente bateu porta em casa um missionário, desta vez acompanhado de um membro comum, eles me convidaram para as atividades na Igreja, e eu que já estava entediado, precisando fazer amigos, acabei aceitando.
Não posso negar que fui muito, muito bem recebido na Igreja, foi ótimo , fiz vários novos amigos e comecei a participar das atividades.
Daí começou a pressão para me batizar.
Quando aceitei o batismo, eu disse que não iria para missão. Foi a condição que coloquei, batismo sim, missão não.
Mas aí o tempo foi passando, e eu completamente alienado e com a cabeça feita pelos líderes mórmons, acabei indo para missão com 20 anos.
A missão é aquela coisa, aquele bando de jovens ingênuos, achando que são representantes de Cristo, trabalhando de graça para a Igreja, e sendo esculachados para cumprirem metas.
Como missionário, não tenho dúvidas, fui explorado pela Igreja. Mas teve também o lado positivo, aprendi várias técnicas para convencer as pessoas, e me tornei bem mais comunicativo, o que ajudou depois da missão , quando trabalhei como vendedor e também em outras profissões.
Outro ponto positivo foi que tive contato com vários americanos, fiz missão no Brasil, mas tava cheio de americanos. Achei legal, porque eles tem outra cultura, e o contato com eles acabou trazendo algo de bom para mim.
Mas, se o trabalho missionário fosse remunerado, de acordo com as leis trabalhista a Igreja ia gastar muito dinheiro. Trabalhar todos os dias , inclusive final de semana, de noite, morando mal e nem sempre tendo refeições diárias...o missionário é explorado.
Quando voltei da missão, meu “status” mudou. Nas primeiras semanas fui recebido quase como um herói que volta da guerra, pediram para dar discurso e tive que prestar meu testemunho sobre a missão várias vezes. Depois de algum tempo voltou tudo ao normal, com a exceção que a liderança começou a cobrar muito mais de mim , agora eu era um missionário retornado.
Os cargos que passei a ocupar eram “mais pesados”, tomavam muito do meu tempo e eu ainda tinha que participar de um monte de reuniões chatas e inúteis. Passei a viver em função da Igreja, não tinha tempo pra nada.
E ainda começou aquela pressão pra casar. O casamento era o próximo mandamento de Deus a ser cumprido. Comecei a me sentir um escravo da Igreja, me disseram que missão era mandamento, e eu fui para missão, agora me diziam que o mandamento era casar... se eu me casasse, eu já sabia que o próximo mandamento é de ter filhos. A Igreja controlava minha vida, me dizendo quais mandamentos eu deveria cumprir... e quando Deus dá um mandamento você não contesta, você cumpre, senão Deus vai te castigar , senão tua exaltação tá em risco. A Igreja me controlava assim.
Para piorar, eu consegui uma bolsa na Igreja para pagar parte da minha faculdade. Minha vida virou um inferno, daí sim os líderes começaram a achar que poderiam me controlar completamente, pois eu dependia desta bolsa. Fui humilhado, jogavam na minha cara que eu estava recebendo esta bolsa, e várias vezes me ameaçavam, dizendo que eu poderia perder a bolsa se eu não cumprisse tudo a risca. Um inferno, até que desisti da bolsa. A bolsa não valia a pressão e a humilhação a que fui submetido.
(continua)
(Continuando)
ResponderExcluirEu não suportava mais frequentar a Igreja, teve um domingo que eu saí no meio das reuniões. Era muito chato, repetitivo, diziam que todo domingo aprendíamos algo novo, que as reuniões serviam para fortalecimento espiritual. Mas eu sentia que não aprendia nada, aquelas aulas e discursos eram uma papagaida. Que fortalecimento espiritual? eu só ficava entediado, estava sempre irritado e me sentindo pressionado.
Me afastei, e ao me afastar senti ao mesmo tempo um grande alívio e um grande sentimento de culpa.
Eu ainda acreditava em varias coisas da Igreja e sentia culpa e medo por estar colocando em risco a minha exaltação, mas o alívio era grande também, meu humor melhorou e fiquei mais leve e alegre ao parar de ir na Igreja, as pessoas de fora da Igreja que conviviam comigo notaram minha melhora de humor. Mas como eu disse, existia um medo junto, de estar arriscando a minha exaltação.
Por causa deste medo, cheguei a frequentar a Igreja novamente, parei novamente de frequentar, voltei novamente a frequentar, e por último parei de frequentar definitivamente. Esses retornos a Igreja eram só por causa do medo e sentimento de culpa que colocaram em mim ao longo do tempo que fui membro, eu não sentia verdadeiramente nenhuma vontade ou alegria em frequentar a Igreja. Ou seja, durante muito tempo eu fui REFEM do mormonismo. Não queria frequentar, mas sentia que tinha obrigação, pois senão estaria desagradando a Deus, estaria quebrando os convênios, estaria negando meu testemunho, estaria deixando o Reino de Deus em segundo plano, e que por causa disso eu poderia ser punido pela eternidade.
Até que eu comecei a ler algumas coisas sobre a Igreja, ví que Joseph Smith e comparsas inventaram esta história toda. Fiquei horrorizado com o que descobrí sobre a verdadeira história da Igreja. Uma das histórias mais chocantes é a castração de Thomas Lewis.
http://sobreomormonismo.blogspot.com.br/search?updated-max=2017-07-12T20:03:00-03:00&max-results=1&start=1&by-date=false
Mas existem tanta outras...
Me sentí um burro. Tem um personagem antigo do Jô Soares, chamado Alvarenga, tinha um quadro no programa “Viva o Gordo” que se desenvolvia da seguinte maneira, o Alvarenga acreditava em alguma mentira boba, e depois resolvia se punir por ter acreditado nessa mentira, o bordão dele era “Eu Acrediteeeeiiii ”:
https://globoplay.globo.com/v/1563550/
Sabe aquela história da Primeira Visão? Eu Acreditei! ; Sabe aquela história de que o Livro de Abraão foi escrito por Abraão? Eu acreditei!; Sabe o Livro de Mórmon? Eu acreditei!
Bom, agora não acredito mais. O que sentí ao descobrir que o mormonismo não passa de uma fraude, foi mais ou menos igual ao “Alvarenga”. Como é que eu fui acreditar naquilo lá...
O legal é que me libertei de todos os sentimentos ruins que tinha, vivo feliz bem longe do mormonismo. Vejo com clareza que só entrei no mormonismo porque me batizei numa época em que estava sozinho, sem amigos, abalado por problemas familiares e em uma fase conturbada que é a adolescência.
A Igreja Mórmon não é dona de Deus, quero dizer, não preciso da Igreja Mórmon para me relacionar com Deus. Hoje me sinto mais próximo de Deus do que nunca. Também já fiz trabalho voluntário para ajudar pessoas carentes e também para ajudar animais abandonados, o que realmente me traz conforto espiritual, muito melhor do que trabalhar para a Igreja Mórmon . A Igreja Mormon ensina que devemos priorizar a família, mas quando estamos no mormonismo, estamos tão atarefados trabalhando para a Igreja, que a família fica em segundo plano.
Agora tenho esposa e filhos e tenho tempo para ficar com eles, não preciso da Igreja para ensinar boas coisas para meus filhos e nem preciso da Igreja para ser um bom pai. O afastamento do mormonismo representou um “novo nascimento” para mim ... uma nova vida. Quando estava no mormonismo , por várias vezes pensei em largar tudo, até mesmo o desejo de morrer por vezes rondava meus pensamentos. Agora tenho muito mais esperança na vida.
Ah sim, apesar de ensinarem que nao devemos julgar os outros, a Igreja Mormon nos torna pessoas julgadoras. Quando se está no mormonismo você esta sempre julgando, ainda que nao perceba. Notei isso depois que saí. No mormonismo já julguei e já fui muito julgado, as vezes é massacrante.
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ResponderExcluirProcure uma igreja reformada, vá conhecendo leve sua família e seja muito feliz. Você é uma benção.
A sua história é parecida com muitas outras que eu já conheci...Realmente, a igreja explora as pessoas, e ninguém se dá conta disso...Quando percebemos o engano, já se passaram tantos anos, foi tanto tempo , tanta dedicação e dinheiro ...Se pelo menos fosse uma igreja, mas, nem isso ela é, não está registrada como instituição religiosa, mas, como uma corporação...Somos ou fomos todos empregados de uma empresa, mas, não recebemos nada, ao contrário , pagamos para trabalhar...O pior é saber que muitas pessoas estão sendo enganadas ainda, caindo nessa armadilha, e vão demorar longos anos para acordar...
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