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quarta-feira, 17 de julho de 2019

IRMÃO DE IGREJA X IRMÃO DE SANGUE


“Irmão de igreja não é a mesma coisa que irmão de sangue”. Essa foi a frase proferida por uma senhora, na ocasião em que fora visitar sua irmã mais nova. Na verdade, as duas já passaram da casa dos setenta anos. Sempre foram muito unidas, até o dia em que a mais nova resolveu batizar-se numa igreja não-católica. Não está em debate o nome da denominação religiosa, mas sim, a maneira como essas instituições ditas “extensões do reino de Deus na terra” se comportam com seus ensinamentos.
As conversões ocorrem de diversas maneiras. No caso dessa senhora da minha história, foi porque ela ficou doente, depois de bênçãos e orações de membros da igreja, a idosa se sentiu curada. Ela agora acredita que a salvação está naquela igreja e que seus membros, agora chamados de “irmãos”, são os homens mais poderosos da terra. Acredita ainda, que os mesmos têm o poder de ligar na terra o que Deus ou seus Anjos ligam no céu.
O fato ocorrido na ocasião da visita da idosa da minha história de hoje, é típico e corriqueiro das famílias onde um dos membros é converso e o outro não. A mais nova se chama Elisabete e a mais velha Elisângela. As duas moram numa cidade grande, onde os meios de locomoção são complexos e demorados. Como não são ricas, usam o ônibus para se moverem de um bairro a outro. Quando Elisângela chegou à casa da sua irmã mais nova, a mesma não pôde dar-lhe a devida atenção, pois estava se arrumando e se vestindo para ir a um culto ou reunião da sua igreja. Ultimamente, ela não tem mais tempo para visitar seus parentes, só tem olhos para a sua igreja e sua doutrina aliciadora. Por mais que alguns tentem demovê-la do contrário, agora ela é outra pessoa. Age diferentemente e não pára de repetir ser “conhecedora da verdade”. Ainda afirma que vai morar com Jesus.
Eu também passei por uma situação parecida nos meus idos tempos de mormonismo. Foi assim, no dia do meu casamento. O Presidente de Ramo que estava confirmado para realizar a nossa cerimônia não apareceu, pois tinha uma reunião numa capela de Belém do Pará. Reuniões da igreja em primeiro lugar. Famílias ou compromissos vêm em seguida. Eu mesmo, depois de convertido à seita, deixava as minhas visitas constrangidas por causa das reuniões da igreja. Muitas vezes, recebi visitas nos dias e horários dessas reuniões. Eu agia de forma grosseira e sem perceber, por causa da força doutrinária que estava me possuindo naqueles tempos, dava um jeito ou uma desculpa e ia para a igreja.
Lembro-me que na Igreja Mórmon, muitas vezes, os membros relatavam situações parecidas. Eles alegavam que aquilo era obra de Satanás, que queria que nós membros na época, não fôssemos para a igreja, por isso, como ele tinha influência e poder sobre as pessoas não batizadas, enviava-as nas casas dos membros da igreja, bem no horário das reuniões. Quantas bobagens!
Até compromissos de trabalho eu burlava por causa dos compromissos na capela da Ala ou Estaca. Perdi muitas oportunidades de trabalho ou profissionais por causa dessa maneira de agir. Como sempre, eu culpava o pobre do Satanás, que não tinha nada a ver com isso. A culpa era da doutrina e dos líderes da Igreja.
Esses irmãos da igreja, no fundo não foram mais importantes do que os irmãos de sangue. Quando comuniquei a minha decisão de desligar-me do mormonismo, todos os chamados irmãos se afastaram rapidamente da minha presença, literalmente, como o diabo foge da cruz. Afastaram-se da minha vida e da minha casa. Quando eu era membro, muitos me visitavam. O convívio era constante, mas depois do meu desligamento, toda a afinidade se perdeu. Desapareceu. Por isso, pensem bem irmãos de qualquer igreja, seja ela qual for: Irmão de Igreja não é a mesma coisa que irmão de sangue.

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