Antonio!
Como está? Tudo bem? Espero que sim. Escrevi mais uma história. Estou adorando ver que isso está incentivando mais leitores. Que possamos parar para refletir. Um abraço!
Vou contar a história de uma imigrante que vive nos EUA há mais de vinte cinco anos. Poderia considerá-la uma nativa, se não fosse o amor, a simpatia, a decência e bondade que demonstra a todos. Ela morava com o filho e a mãe que é muito velha. Caminha com dificuldade e prá ser sincera: já está “com o pé na cova”. Sempre me encontrava com essa senhora na rua. Às vezes pegávamos as correspondências juntas (moramos no mesmo condomínio), sempre nos falávamos e nos dávamos muito bem. Um dia, essa senhora desapareceu. Fiquei mais de uma semana sem vê-la. Preocupei-me e num domingo perguntei à filha dela o que aconteceu que não a via mais. A filha arregalou os olhos, fixou nos meus e disse: “Tu eres la unica persona a se preocupar por mi mama”. Depois me disse que nem os conselheiros do bispo, que são nossos vizinhos de porta, se preocuparam em saber se aquela idosa estava doente ou como ela mesma disse: “se havia morrido.” Nada! Ninguém se deu conta do desaparecimento dessa mulher que estava TODO domingo na igreja! Eu não sei como a filha dela, essa mulher que é tão fiel na igreja insiste em amar e odiar os Mórmons ao mesmo tempo. Ela sempre me chamou atenção na igreja porque é a ÚNICA que dá aula em espanhol (curso 26). Não é o caso da aula não ser dada em inglês, mas o que me chama atenção é o descaso com que esses alunos são tratados pela Presidência e demais membros. Todo mundo sabe que o que mais tem nos EUA são pessoas que falam espanhol, em especial em Utah, onde muitos missionários serviram missão em países de língua hispana. O que acontece é que essas pessoas retornadas de missão, jamais assistem à aula dela. Ninguém se importa em dar um apoio, uma aula de inglês gratuita aos menos afortunados. Já ouvi muito deles dizer que á prá não incentivar a imigração ilegal. Mas peraí, prá isso já tem a imigração, com suas leis e independente do status legal de qualquer imigrante, somos um só em Cristo. Em minha opinião deveria existir mais apoio e menos julgamentos e críticas. Dos alunos dessa mulher, tem uma família que me chama atenção. Parece que ninguém se dá conta da presença deles. É uma família muito humilde e tenho certeza que só vão prá igreja e pagam o dizimo por causa das aulas da C. que são muito inspiradoras. Já vi muito descaso com situações parecidas a essa no Brasil. Já deixei passar despercebido com aquela famosa frase: “a igreja é perfeita, os membros não.” Hoje vejo que não só os membros são imperfeitos, como a igreja nada tem de verdade. O profeta adverte a todos! Os perigos de se contrair dívidas, de nos conformarmos em morar em casas pequenas, simples, deixar de lado a luxúria. Enquanto são construídos Templos imensos, espaçosos, com ornamentos e decorações que um pobre fiel pagador do dizimo, jamais terá em sua casa. É muita contradição! É falado para visitarmos regularmente o Templo, prá fazer trabalho (vejam bem) para os mortos, pessoas que jamais vimos, jamais nos falamos e sequer temos certeza que existiram na terra e ao que tudo indica, em Utah, esse mandamento é seguido “à risca”. Os estacionamentos dos Templos estão cheios de carros. Não raro encontramos casais vestidos a caráter, num dia de semana, mulheres que se sacrificam para cumprir as exigências do profeta. Quando num domingo, sequer se preocupam com a Irmã, que toma o assento ao lado delas, sequer se preocupam em dar um sorriso amigo, um olhar amoroso, uma palavra. Quero alertar a todos, através disso, que essa igreja que vocês afirmam ser de Cristo é a igreja da contradição. Seria por isso que o próprio Cristo afirmou que devemos “deixar os mortos enterrar seus mortos?” Quero citar as palavras de um grande jornalista e escritor, o qual admiro por sua inteligência e palavras. Seu nome é Ernani Lemos e toda vez que presencio situações como essas, me lembro do texto escrito por ele:
Morte e Vida
Poucas coisas são tão fascinantes quanto à relação humana com a morte. Recentemente fiquei impressionado com a dedicação do serviço de resgate da Air France para recuperar a caixa preta e os restos das vítimas que caíram no Atlântico com o avião da companhia. Quase dois anos depois da tragédia, finalmente encontraram os destroços da aeronave e das pessoas. E então empregaram mais tempo, força e dinheiro para recolher do mar tudo o que pudessem. É importante saber como aconteceu o acidente para evitar outros no futuro e é justo que os familiares queiram enterrar seus mortos. Mas me impressiona perceber que somos capazes de fazer coisas extraordinárias como vasculhar um oceano para achar corpos e pedaços de metal, mas não usamos essa capacidade para tarefas mais simples como educar crianças e dar oportunidade de trabalho aos pais delas. Quase ninguém presta atenção nas pessoas enquanto elas vivem. É difícil achar quem se importe com os problemas dos outros enquanto eles ainda podem ser resolvidos. Só depois que não há mais jeito é que as histórias parecem ficar interessantes. É triste perceber que a vida já deixou de ser tão encantadora quanto a morte.
Hoje os jornais irlandeses acordaram de luto por um homem que foi durante anos o saco de pancadas de todos eles. Brian Lenihan comandava o Ministério das Finanças até poucos meses atrás. Era uma figura muito conhecida e, me parecia, pouco admirada por aqui. O sujeito estava sempre na TV anunciando problemas, planos de resgate para bancos quebrados, cortes nos gastos públicos, aumento de impostos, contração de dívida externa... Só desgraça. As manchetes e os comentários na imprensa jamais foram generosos com ele. As críticas eram severas e a imagem do homem era associada à quebra do país. Brian estava sempre com enormes olheiras, como se vivesse embriagado ou de ressaca. Mas a feição combinava bem com a figura de monstro que lhe impunham.
Ontem Brian morreu. Ele tinha 52 anos. As manchetes que antes o condenavam, agora o santificam. “Brian, o valente”; “A morte de um grande homem”; “Uma perda massiva para o país”. Ocorre que o político foi ministro das finanças exatamente no momento em que a economia nacional entrou em crise. Ele não gerou o problema, apenas teve a ingrata missão de tentar resolvê-lo. E só agora, depois de morto, todo mundo faz questão de esclarecer e reconhecer isso. O ex-ministro não era alcoólatra, como eu pensei que fosse. As olheiras enormes e o olhar perdido eram sinal de cansaço. Brian tinha uma enorme luta diária, muito maior do que a de recuperar a economia. Ele tinha câncer no pâncreas. E morreu disso.
Então Brian perdeu as duas maiores batalhas que já enfrentou - contra o câncer e contra a crise - e mesmo assim passou de bandido a herói. Mas o que mudou tão de repente? Simples: ele morreu. Deixou de existir e passou a ser respeitado. Porque nos vivos a gente pode bater, mas os mortos só merecem o nosso carinho. Infelizmente. Sou favorável ao tratamento solidário com quem já se foi, mas será que é tão difícil olhar as pessoas com mais cuidado enquanto elas ainda respiram e caminham por aí? Se a gente precisa de notícia chocante para sair da anestesia diária, é fácil encontrar no mundo dos vivos. Tem criança sofrendo com fome, com frio e com violência. Tem adulto apanhando do desemprego, da injustiça e de doenças. Tem tanta gente com sofrimentos invisíveis que machucam não os órgãos, mas a alma. Gente que se torna reclusa e se esconde da sociedade, e que talvez pudesse ser curada apenas com o empréstimo de um bom par de ouvidos e de algumas poucas palavras gentis. E, apesar dessa facilidade com que poderíamos tornar vidas alheias mais agradáveis, tenho a triste sensação de que nossas melhores ações são direcionadas a quem já morreu.
No caso do avião da Air France, algumas pessoas poderosas puderam, depois de muito esforço, encontrar e resgatar os mortos. E, embora pudessem facilmente salvar também muitos vivos, não fizeram nada por eles. A caixa preta despertou um enorme interesse na imprensa porque com ela foi possível saber e contar como foi que os passageiros e a tripulação morreram. Mas ninguém se esforçou em saber como eles viveram. Quero deixar claro que respeito às famílias e as vítimas do acidente. Minha intenção é só usar o caso como exemplo da nossa enorme capacidade e de como ela é pouco utilizada.
Chorar pelos mortos é natural. O que nos torna especiais é derrubar lágrimas por quem vive. E não falo do choro de quem se machuca ou perde o namorado. O choro bonito é o solidário, aquele que nasce quando a gente vê o sofrimento nos olhos de outra pessoa e deseja nada mais do que poder dividir aquela dor com ela. Porque a morte é interessante e misteriosa, mas ainda não inventaram nada mais precioso e inexplicável do que a vida.
(+++++)
(A pedido da autora deste email, reservo-me no direito de não publicar seu nome completo, somente se ela mesma me autorizar. Tenho recebido dela, algumas outras histórias, que compartilharei aqui a seu pedido).
Essa história é muito comovente. Acredito que além dos mórmons, no caso específico dessa história, que dão mais valor a uma pessoa morta do que pessoa viva, outras religiões também fazem muitas loucuras. Católicos, Testemunhas de Jeová, Evangélicos, etc. A conclusão que chegamos é que a religião torna as pessoas alienadas, impedidas de pensarem, raciocinarem, analisarem a verdade, etc.
ResponderExcluirAcredito que as religiões exageram muito, tornam as pessoas "tontas" no sentido de fugirem da realidade e são oprimidas pelo medo e ameaças.
Belas histórias em seu blog.
Parabéns!
Edson!
ResponderExcluirVocê tem toda razão. Os adeptos de religiões, seja qual for, ficam cegados pela doutrina. Na postagem passada alguém escreveu que a história relatada era mentira. Eles não acreditam que essas histórias são reais. Seus cérebros não conseguem discernir. Se falarmos alguma coisa sobre a conduta de Joseph Smith, por exemplo, que seja contrario ao que é ensinado na Igreja, os Mórmons processarão em seus cérebros como mentira. Isso é assustador.
Ainda vou fazer uma pesquisa sobre o tamanho da área que a Air France procurou pelos vestígios dos destroços do Avião que caiu AF-477. Os investigadores acharam essas caixas pretas que ficaram quase dois anos submersas a cerca de quatro quilômetros de profundidade. como é que ninguém acha nada dos nefitas e lamanitas?
ResponderExcluirBOA PERGUNTA ANTONIO, SOBRE OS NEFITAS! BEM, TRATAR MAL OS IDOSOS É COMUN NA IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS!
ResponderExcluirCOMO É NATURAL NA IDADE AVANÇADA OS MOVIMENTOS DO CORPO VÃO DIMINUINDO SIGUINIFICAMENTE, REFLEXOS, SAÚDE E TUDO MAIS, E ACABAM POR NÃO PODER ACOMPANHAR O RÍTIMO ALUCINANTE DE UM MEMBRO DA IGREJA COM REUNIÕES, SERÕES, ATIVIDADES, PROJETOS DE SERVIÇOS, CARAVANAS AO TEMPLO E NATURALMENTE ACABAM SE AUTO EXCLUINDO DESTAS ATIVIDADES.
COMO TODO "SANTO" DOS ÚLTIMOS DIAS É MOVIDO POR RESULTADOS ACABAM NATURALMENTE CORRENDO ATRÁZ DE PESSOAS QUE POSSAM PROPORCIONAR ALGUM DESENVOLVIMENTO PARA A IGREJA, ALÉM DO MAIS UMA PESSOA IDOSA E POBRE NA IGREJA TENDE A SER UMA SOLICITANTE DAS OFERTAS DE JEJUM.
MEU PAI JÁ ÚM HOMEM COM UMA CERTA IDADE, PORÉM POSSUI BOA SAÚDE, FOI UMA PESSOA QUE POR NECESSIDADE TEVE QUE TRABALHAR DESDE CRIANÇA E NÃO TEVE CONDIÇÕES DE ESTUDAR. SINTO MUITO AO VÊ-LO SE ENCOMODAR COM A IGREJA POR MEIO DE COBRANÇAS DE METAS, DE VISITAS... FAZENDO COM QUE MUITAS VEZES SE SINTA UM INCOPETENTE PERANTE DEUS
CONHEÇO UMA SENHORA QUE FREQUENTA SEMPRE O TEMPLO, PAGA DÍZIMO, APOIA O PROFETA, LIDERANÇA,ETC. MAS NÃO CUIDA DE SUA IRMÃ QUE ESTÁ EM ESTADO TERMINAL COM CÂNCER.
Rapazes (Edson, Popinhaki e Che Guevara) os três mosqueteiros. arautos da verdade, vcs fazem um bom trabalho em realçar os péssimo exemplos de membros da igreja. Isso é tendencioso ao extremo, fica até feio e sem credibilidade nenhuma por parte de alguém que realmente busca informação. Isso é debate? Nunca foi, acho que o nível de blog anti-mórmon caiu muito. Vocês estão parecendo três Candinhas que ficam na janela falando mal da vida alheia....
ResponderExcluirCreio que nas alas onde os membros tem maior poder aquisitivo ,caso como esses acontecem, existem uma grande discriminação por posição social. Em alas mais carentes , existem uma maior solidariedade , mas a falta de afeto com os membros carentes pela liderança e por alguns membros ainda é muito grande.
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