COMO A IGREJA SUD AGE JUDICIALMENTE

        Fui convocado recentemente, para comparecer no Fórum de Justiça de Curitibanos/SC, para depor como testemunha. Um ex-missionário SUD entrou com uma ação contra a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pedindo indenização por danos morais. Então, fui intimado a ir lá. Não poderia desistir de depor, pois, caso eu desistisse, incorreria numa falta grave. Estava escrito na folha da intimação uma espécie de ameaça, que dizia, que se eu não comparecesse, seria reconduzido por um Oficial de Justiça e teria que pagar todas as despesas por isso.

Cheguei ao local no dia e horário marcado. Lá percebi o quanto a Igreja é suja e não cuida dos seus membros. Amor ao próximo é só na teoria, ou seja, no púlpito dominical. A instituição religiosa trouxe testemunhas de Pernambuco e de Minas Gerais, com passagens aéreas e outras despesas pagas, para deporem contra o pobre rapaz, que era pobre e do interior de Minas Gerais. Os advogados da instituição eram do Rio de Janeiro, além do mais, são membros da Igreja Mórmon. Vou abreviar a história do rapaz.

Ele fez missão aqui no sul, por volta de 2006 ou 2007. Numa ocasião corriqueira da missão, ele tinha um companheiro americano. Estavam ensinando a doutrina SUD numa cidade do litoral catarinense, há 300 quilômetros de Curitibanos/SC. Foram acusados por duas moças de serem molestadas pelos missionários. A mãe delas acionou a polícia.

O Presidente da Missão, que era americano, mandou imediatamente o missionário americano para os USA. E o brasileiro, pobre, negro, meio que ignorante, foi parar numa penitenciária no litoral catarinense. De acordo com as palavras do jovem missionário brasileiro, a Igreja o obrigou a assinar uma espécie de confissão, com a promessa de que o tirariam logo da prisão. Entretanto! Ele ficou 5 anos apodrecendo na penitenciaria, até que foi transferido para a penitenciaria de São Cristóvão do Sul/SC, próxima da minha cidade.

Me indiciaram como testemunha por causa do blog www.sobreomormonismo.blogspot.com e por causa da reportagem do jornal “O Globo” do começo do ano de 2012, que teve minha participação. Durante o tempo em que esteve preso, o jovem missionário sempre alegou inocência. A Igreja, através de seus líderes, livrou o missionário americano, mandando-o de volta ao seu país e não fez nada pelo missionário brasileiro, tentando de todas as formas silenciá-lo, deixando-o preso.

O jovem missionário falou-me que o seu Presidente da Missão Florianópolis prometeu-lhe que o tiraria logo da cadeia. Eu saí da Igreja, justamente na época em que este Presidente americano veio para cá, ou seja, em 2006. Os membros da igreja aqui da região não sabem nada a respeito disso, salvo alguns que foram contatados para serem uma espécie de espia para a hipotética Igreja “verdadeira”. Sabem apenas o que lhes é ensinado nos púlpitos, aos domingos. Mas fora isso, não sabem nada. Neste dia, vi a podridão que é o mormonismo. Moveram céu e terra para incriminar o rapaz. E o companheiro americano? Se “safou”. É triste! Muito triste isso!

Eu fiquei com raiva neste dia, de ver o rapaz chorando na sala de audiências e ninguém tendo complacência dele. Ele pediu-me, para que eu escrevesse sua história e a publicasse, para que os membros SUDs brasileiros pudessem saber disso. Estou apenas esperando seu processo acabar, bem como, todos os trâmites da justiça. Isso dá um livro, com certeza. Enquanto o ex-missionário brasileiro sofre com tudo isso, o ex-missionário americano voou. Chego a apostar que deve estar casado dignamente no "tempro".

Cheguei no Fórum de Justiça e me assustei. Ele tinha arrolado duas testemunhas, eu e um outro homem, membro da Igreja para falarmos como testemunhas dele. Eu responderia perguntas sobre a doutrina da Igreja SUD. O outro homem, responderia perguntas relacionadas ao que sabia a respeito do autor do processo em questão. Este senhor tinha um filho preso na penitenciária de São Cristóvão do Sul. Foi nessa ocasião, que conheceu este ex-missionário, tornando-se “amigos”.

Me perguntaram se os missionários americanos têm tratamento diferenciado, em relação aos brasileiros. Falei-lhes, que até shampoo eles recebem de suas casas, nos Estados Unidos, recebem ainda, biscoitos, doces e sabonetes. Disse-lhes, que sim, os missionários brasileiros são discriminados. Que não só os missionários brasileiros, mas, no mormonismo, tudo o que é brasileiro, é considerado de “segunda”. Dá a impressão, de que nossos produtos não prestam, e que só o deles (dos SUDs) é que limpam. Pois em capelas e templos no Brasil, são utilizados produtos de limpeza importados.

O processo não era para saber se o jovem era inocente ou não. Era sobre danos morais, pois ele sempre alegou inocência em relação aos cinco anos que ficou na penitenciaria. Além do mais, ele até a presente data, não foi desobrigado como missionário SUD. Para todos os efeitos, ele ainda é uma responsabilidade da Igreja. A Igreja trouxe 6 testemunhas. Dois ex-bispos e o restante ex-missionários. Bem como, advogados membros da Igreja.

Quando entrei na sala, o juiz mandou sentar-me. O advogado da Igreja, que é membro SUD disse ao magistrado: “quero pedir a impugnação desta testemunha”. O juiz retrucou: “sob quais alegações?” O advogado disse: "ele é um inimigo capital da Igreja e mantêm um blog, onde escreve contra a doutrina da Igreja.” O juiz perguntou-me então, se eu era inimigo da Igreja. Respondi-lhe que “apenas escrevo o que nunca encontrei na Igreja, como doutrina e ensinamentos”. Foi assim que então, o juiz aceitou o meu depoimento no processo. Perguntaram-me sobre tudo, inclusive garments, ordenanças no templo. Tudo! Falei o que acredito ser verdade. O coitado do rapaz chorava muito. Eu dei meu depoimento. Aproveitei a oportunidade e relatei abertamente o que temos escrito, lido e debatido sobre o mormonismo: Poligamia, racismo, machismo, entre outros assuntos. Depois, ouviram as testemunhas da Igreja. Não sei mais nada. Torço para este rapaz ganhar a ação. Para que sirva de exemplo. Falei ao juiz que a Igreja não assina carteira de trabalho dos missionários, não paga-lhes direitos trabalhistas e exige deles o trabalho voluntário, mas antes é feito uma lavagem cerebral que começa na “primária”. É como se fosse uma espécie de escravidão disfarçada. É dessa forma que a Igreja age judicialmente, não protegendo os seus, mas tentando de todas as formas, torna-los tão miseráveis e nulos.