Traduza para outra Lingua!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

CAMBISTAS NO TEMPLO

Texto de Antonio Carlos Popinhaki


Eu não acredito mais na Bíblia e nem no Livro de Mórmon como sendo a “palavra de Deus” ditada por Ele aos homens. Na verdade, acreditei por muitos anos nisso, mas com o passar do tempo, me convenci de que o conteúdo desses dois cânones não têm nada de inspirado, muito pelo contrário, o que contém ali, nada mais é do que uma ferramenta psicológica de alienação. Mesmo que para mim não faça mais sentido, creio que para os adeptos do mormonismo, a escritura que cito a seguir faça: “Não façais da casa do meu Pai, casa de venda” (João 2:16). Jesus expulsou os vendedores e cambistas que se encontravam dentro do Templo e espalhou o dinheiro deles. Sua explicação foi simples: "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores." (Mateus 21:12-13)

Quarenta anos mais tarde, o Templo de Jerusalém foi destruído. O edifício físico que representava a presença de Deus na terra jamais foi reconstruído, e não teria mais valor para as gerações futuras. Apesar de minha atual descrença, de acordo com a Bíblia (isso vale para os que acreditam), o próprio Jesus Cristo havia predito uma mudança no centro da adoração para os servos de Deus. Eles não mais adorariam num monte em Jerusalém, mas nos seus próprios corações (João 4:19-24). Esse é o ensinamento que está na Bíblia, que é aceita por milhões como a “palavra de Deus.”

Mesmo assim, os líderes da igreja Mórmon Brighamita (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) insistem nos dias atuais, em construir Templos, com intuito, de praticar ordenanças e cerimônias, como premissas de demonstração de adoração. Ordenanças essas, bem diferentes das praticadas no Templo de Jerusalém, da época em Jesus expulsou os cambistas do seu interior.

Atualmente, alguns Templos Mórmons ou Suds (Santos dos Últimos Dias) funcionam quase todos os dias da semana em três turnos. Evidentemente, isso depende da frequência dos membros que vêm de longe, em perigosas e arriscadas caravanas. Em alguns desses Templos, como no caso do edificado em Porto Alegre, a frequência teve uma acentuada redução desde a sua inauguração. Com a construção do Templo de Curitiba, a utilização desse só foi viável, com o arrebanhamento, de forma geográfica, de várias regiões de Santa Catarina, que antes frequentavam o Templo de Porto Alegre. Fortaleceram a viabilidade de um Templo e desfavoreceram outro. Uma loucura, essa brincadeira de demarcação de área feita pelos líderes locais do mormonismo.

As caravanas são organizadas pelas Estacas em todo o Brasil. Existe a exigência da Igreja para que os membros ativos frequentem o Templo pelo menos uma ou duas vezes por ano. Quando falo em exigências, não estou inventando nada que eu mesmo não presenciei. Os discursos, as aulas e a ênfase dado à importância de visitar os Templos nas corriqueiras reuniões dominicais, comprovam as minhas palavras.

No entanto, existem “famílias muito pobres”, que são bastante numerosas, e moram muito longe do Templo. Para essas pessoas, o “sacrifício financeiro” para frequentarem o Templo Mórmon é “extremamente penoso!” Mas a Igreja não isenta essas pessoas desse penoso e desnecessário sacrifício. Pelo contrário, ela, através de seus gananciosos e inescrupulosos líderes, as incentivam ainda mais. As famílias pobres, principalmente as oriundas do interior do Nordeste brasileiro, com renda inferior a um salário mínimo, têm que fazer penosos sacrifícios para “levarem toda a família”, em uma longa e cansativa viagem por centenas de quilômetros. Isso tem que acontecer pelo menos uma vez por ano! É meta! A Igreja incentiva a frequência regular e cotidiana dos seus membros ao Templo.

As pessoas sacrificam quase tudo, e o que era para aliviar o seu penoso sofrimento sobre a terra, torna-se um “fardo insuportável”. Pois além dos dízimos pagos (pré-requisito para frequentar o Templo) e diversas contribuições, essas pobres famílias têm que passar o ano inteiro juntando o que sobra no fim do mês, para no final do ano, incluir em suas já numerosas despesas de início do ano, a passagem, a alimentação, a hospedagem e “aluguel de roupas do Templo”!

As “roupas” são fornecidas em sistema de “aluguel” (comércio de cambistas dentro do Templo). Só podem ser usadas “uma única vez” no dia, sendo devolvidas para a lavanderia do Templo. Isso obriga os frequentadores, a cada sessão, em dias diferentes, a alugarem novamente as roupas que serão usadas!

Como falei anteriormente, alguns Templos funcionam geralmente em três turnos, manhã, tarde e noite. Sendo que em apenas um único dia, poderão arrecadar um valor monetário na casa de milhares de reais, apenas com o aluguel das roupas usadas nas sessões.

O dinheiro arrecadado com a rouparia do Templo é apenas parte da arrecadação. Já que todo Templo Mórmon possui uma espécie de “loja de conveniências”, onde são vendidas as roupas (também chamadas de garments), que são usadas após a primeira passagem no Templo e por toda a vida do membro. Além das roupas, as lojas vendem livros, material informativo, filmes, DVDs, mídias variadas, dentre outras quinquilharias e bugigangas (comércio de cambistas dentro do terreno do Templo).

Realmente, uma visita ao Templo, para uma família pobre, cujo deslocamento anual representa parte significativa de seu orçamento doméstico, é algo “extremamente penoso”. Cada dia mais, se torna um sacrifício “abusivo” por parte da liderança da igreja Mórmon Brighamita. Os líderes locais são incentivados a “exigirem” dos membros as suas idas anuais ao Templo com toda a sua família. Dependendo do lugar, não só uma vez, mas várias vezes no ano. Imaginem agora, famílias inteiras se deslocando do interior do Estado do Amazonas para irem uma ou duas vezes no ano, ao Templo mais próximo que fica a muitas horas no desconforto das embarcações pelos rios? Igualmente, famílias oriundas do interior do Estado de Sergipe realizando uma viagem desgastante em ônibus fretados pela própria igreja, com dinheiro sacrificado de famílias pobres, para irem ao Templo de Recife/PE duas ou mais vezes ao ano? E aqueles que viajam uma noite inteira pelas estradas esburacadas, até chegarem mais cansados do que deveriam no dia seguinte ao Templo? Isso tudo porque o Templo não pode parar. Quando a Igreja inaugura um Templo, ele tem que funcionar em horários diferentes das capelas, tem que funcionar quase todos os dias, e o seu lucro diário é exorbitante. E pior: Tirado da boca de quem já não tem quase nada!

Membros adeptos do mormonismo. Se vocês acreditam mesmo na Bíblia e nas palavras que estão lá escritas, depois de lerem este texto, por favor, levem-no em consideração na próxima vez que seus líderes os desafiarem para uma viagem ao Templo. Parece que ficaram mesmo para trás, aqueles dias em que Jesus condenou duramente o comércio no Templo!


Nenhum comentário:

Postar um comentário